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A criança que fomos e o adulto que somos




A maturidade do homem consiste em ter reencontrado a seriedade que em criança se colocava nos jogos.  Nietzsche


Há tanta inocência em meus caminhos e em meu olhar que chego a pensar que ainda há uma criança em mim insistindo para que não desacredite do ser humano. Uma criança que grita em busca de atenção e de socorro. Uma criança a viver sufocada pelos atributos da vida adulta.


O que poderia ter exilado essa criança, senão as agruras, decepções e choques no muro da realidade que constroem paulatinamente tijolo a tijolo o que chamamos de maturidade. E essa criança certamente se dissolve na argamassa das conveniências que une e solidifica o que designamos de vida adulta.


A vida na velocidade de suas torrentes faz com que percamos o contato com essa parte essencial da existência, e assim vamos negligenciando que não seriamos o que somos sem ter sido essa criança que vive sufocada, prensada entre esses tijolos da construção de nós mesmos.


Somos ávidos por dias melhores, por novas esperanças, no entanto, desaprendemos a sonhar e amar como as crianças amam, sem se importar com opiniões, matizes, classe social e ocasiões, simplesmente por que amam verdadeiramente, pois segundo Nietzsche “A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação”.


Estamos tão imersos na vida moderna, acelerada, que não percebemos o quanto ela nos escraviza e nos rouba o olhar que poderia alcançar o amor pela vida que tínhamos quando pequenos, a ignorar o futuro que por si só é incerto.


Esse amor, juntamente com a criatividade e interação com o Mundo, segundo Augusto Cury é assassinado no pré-escolar quando a criança é tolhida, censurada e então deixa o seu amor natural para adentrar num amor desenhado pelas conveniências, que nos arrastam pela vida perpassando pelo meio universitário onde se reza a missa de sétimo dia do que um dia foi o amor de uma criança.



É preciso gerar um caos dentro de si para encontrar-se consigo mesmo na inocência do amor infantil, puro, verdadeiro e libertador. Mas quem está disposto a isso? Já que se olharmos demasiadamente nossa própria imagem num espelho como se perscrutássemos um estranho, encontraremos o horror daquilo que realmente somos e não o que idealizamos.




A criança que fomos e o adulto que somos

 
 
 

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