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A maldição do homem que vê



Um descampado

Um deserto sem fim,

Uma imensidão sem fronteiras,

Sem começo, sem fim, sem beira.

Assim é o homem que vê!

Seu grito mudo além de carregar desespero

Por ser engolido por essa vastidão em volta

Traduz a dor que o silêncio lhe causa,

A dor de ter de ouvir a própria voz

E de ser companhia de si mesmo.

Quando vê a manada de outros homens

Percebe que também são consumidos

Pelo buraco sem fundo,

Pela vastidão que trazemos na alma.

Mas, eles -os outros-, os do rebanho,

Em sua grande maioria são felizes

Por terem os olhos cerrados temendo a luz,

Não percebem as bordas do abismo

Por onde transitam.

 
 
 

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