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A mulher e a sua inteligência aprisionada





Existem determinados aspectos psíquicos vividos nas etapas de nossa evolução enquanto espécie, que nos acompanham até hoje de uma forma mais velada. São os arquétipos, os conceitos e preconceitos que ultrapassaram milênios arraigados em nosso inconsciente e em momentos oportunos se manifestam como cães de guarda para defender um território e/ou uma virtude que muitas das vezes não nos pertencem. Nesse contexto surgem os impulsos e as violências, entre elas a violência contra a mulher.


Pouco se sabe sobre a origem do homem. Sabemos que grande parte do que a ciência tem apresentado é deduzível, sendo assim, existe a liberdade em deduzirmos que na época das cavernas, enquanto o homem encarregava-se da caça e da luta contra oponentes ao defender os seus descendentes e o território que ocupava, a mulher abrigada protegia a cria do frio, da fome e das feras.


Ante o exposto anteriormente, imaginamos que o homem dado a atividades físicas ao caçar e transportar suas presas passou ao longo do tempo a desenvolver sua musculatura e tudo mais que a estruturasse. Por outro lado a mulher desenvolveu os sentidos, a acuidade auditiva, visual e porque não a intuição, pois sozinha na ausência do homem tinham de desenvolver meios que compensassem a fragilidade física. Creio que desse aspecto tenha surgido a inteligência acentuada que a mulher traz junto dela, embora uma inteligência aprisionada ao longo de nossa história, pois o gênero masculino continua territorialista e como tal, confunde fragilidade com incapacidade.


Ao que parece, o homem detentor de uma montanha de músculos e força, não se sente confortável ao perceber e sentir – mesmo que de forma inconsciente -, que a mulher é praticamente uma divindade disfarçada na fragilidade, devido a sua inteligência bem mais aguçada, como também é mais propensa a proteção, enquanto o homem como predador é conduzido pelos hormônios que o fazem desejoso de deixar o máximo de descendentes pela Terra.


Baseados nessas percepções inconscientes, ao longo de nossa história – escrita com sangue e conduzida pela força -, o homem como dominante deu um jeito de aprisionar a mulher e sua inteligência. Que o digam os códigos religiosos que balizam todas as crenças mundo afora, a tradição, a cultura e os costumes. Desde então ela é tida como Sexo Frágil. No entanto, se formos analisar sem paixões, perceberemos que a mulher é um ser forte, pois ter filhos, trabalhar, cuidar do lar, amar e ainda encontrar tempo, para si mesma, não é para qualquer ser humano, raros são os homens que dariam conta de tudo isso.


Enquanto o homem e seu instinto territorialista quer ser o inicio e o fim, a mulher e sua sensibilidade é apenas o meio, o ponto de equilíbrio, sem o qual um lar não sobrevive, sem que sinta sua falta. Nesse aspecto está assentada a divindade feminina, a capacidade de tudo suportar e para tudo encontrar sempre uma saída.


Somente criaturas inteligentes conseguem se desvencilhar de situações de caos e nisso as mulheres são mestras. Não há como negar o caos que se estabelece em um lar abandonado, no entanto, a mulher geralmente toma a frente e consegue restabelecer a dignidade, a prova disso tudo está nos milhões de lares gerenciados por mulheres mundo afora.


A mulher ao longo do tempo sempre foi vista como perigosa, porque quando uma mulher toma conhecimento de seu potencial e de sua divindade inata, ela triunfa pela vida de cabeça erguida, pois nada lhe abate, tudo nela inspira determinação e beleza.


A alma feminina dotada de inteligência emocional e dos sentidos está presa nos códigos religiosos, na cultura e na tradição e continuará por bastante tempo, pois para o gênero dominador, em liberdade ela representa um perigo, o perigo de revelar a fraqueza e a ignorância emocional do homem. 

 
 
 

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