A paz e a felicidade que nunca alcançaremos

A nossa luta diária na vida é uma busca por importância de nós mesmos no contexto da própria vida para torná-la importante. Nossa maior ambição é perpetuar um legado, é deixar marcas por onde passamos. Não nos contentamos com a perpetuação do gene nos descendentes, queremos a perpetuação quase que impossível de nossa memória entre os que ficam velando por ela, enquanto que o tempo a desgasta até que desaparece.

Nossas lutas em busca da felicidade são constantes, não há intermitência, não existe paz, pois mesmo dormindo somos atormentados pelos sonhos que se debatem entre o que vimos, sentimos e agimos enquanto despertos e a idealização daquilo que buscamos aparentar ser.(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

Somos criaturas insaciáveis que sempre querem mais devido à vastidão que há dentro de nosso peito de carne. Somos seres movidos a desafios e conquistas e uma vez vencido o obstáculo que de início parecia intransponível, torna-se algo desprezível. Com isso, os gostos de vitória e de superação tornam-se voláteis numa rapidez espantosa, enquanto que a vastidão interior pede mais e mais para preencher o que nunca será preenchido, mas que nos impulsiona em direção a bendita teimosia de na vida inteira tentar preenchê-lo.

Filósofos têm questionado há milênios onde estaria ancorado o sentido da efemeridade da vida e até agora não o encontraram, talvez por estar mergulhado nesse vazio insondável que há dentro de nós. Um vazio que não se sacia, ao contrário, fica a cada conquista/superação mais faminto.(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

A nossa paz e a nossa felicidade não passam de uma utopia, jamais as alcançaremos, são como estrelas longe no firmamento, astros inacessíveis às nossas mãos, mas atraentes aos nossos olhos. Parafraseando Mário Quintana, citado por Rubem Alves, as estrelas estão ali no céu, inalcançáveis, mas podem nos guiar a uma direção como outrora guiaram os primeiros navegadores, assim, a busca pela felicidade e paz nos guia pela vida.

________Davi Roballo