A VIDA POR UM FIO
- Davi Roballo
- 6 de dez. de 2020
- 1 min de leitura
O ser humano não possui sete vidas, mas vive de forma tão desregrada como se tivesse. Cada vício adquirido e cada prática perigosa como esportes radicais expõe de forma extrema a pulsão de morte que cada um traz dentro de si.
Sem a devida coragem em dar cabo a própria vida, movido pelos tabus religiosos e culturais, o ser humano aprendeu a driblar todas essas convenções sociais através de um desejo subterrâneo em delegar a um fator externo a causa de sua morte, quando na verdade, trata-se de um suicídio inconsciente, isto é, desejado nas profundezas da psique do próprio ser. O vício, a alta velocidade e os esportes perigosos que o digam.
Talvez, muitos que optam pelo próprio fim, mesmo que inconsciente, percebam aterrorizados que a data da morte é apenas o dia mais intenso e definitivo que os demais em que morremos diariamente, desde o nascimento, ou seja, somos a soma de nossas mortes cotidianas.
Não fora isso, cadê a criança, o adolescente e o jovem que existiu em nós? A vida nos torna múltiplos, por isso morremos diariamente, ou seja, temos de dar espaço ao parto que realizamos em nosso próprio ser, um parto de nós mesmos, no entanto, diferente do dia anterior.
Todos os direitos reservados
Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com o escritor daviroballo@gmail.com
Comments