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A VIDRAÇA




Envolto por vidros ante meus olhos,

Existe uma prisão transparente,

Na qual meus pássaros internos tem limitado

O próprio voo.


Posso ir onde quiser,

Mas, a redoma me acompanha.


Meus passos, meus pensares

Em rédeas curtas controlados

Pela intervenção química na sinapse diretiva

Do elemento biológico que abriga meu eu.


Que contradição!

Ser livre, mesmo não sendo.


O jaleco, mesmo não sentindo o que sinto,

Prescreve como se sentisse,

E assim vai aumentando os muros

E engrossando a espessura das placas de vidro.


Fora dessa redoma embotada,

Cinza e de silêncio sepulcral

Seria eu, um perigo para outros

E para mim mesmo?


Mas quando meus pássaros

Começam a encurtar as asas,

E minhas borboletas passam a vagar

De flor em flor cinza

Em um revoar combalido pela falta de claridade,

Um touro, teimoso e birrento

Arrebenta com tudo,

Pois, sua natureza é a liberdade

E não o confinamento.


Quanto o centauro enlouquece

A redoma envidraçada fica vazia,

Pois todos meus animais internos

Vão recuperar suas cores

E beber na fonte da liberdade...

 
 
 

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