A VIDRAÇA
- Davi Roballo
- 22 de mai. de 2021
- 1 min de leitura

Envolto por vidros ante meus olhos,
Existe uma prisão transparente,
Na qual meus pássaros internos tem limitado
O próprio voo.
Posso ir onde quiser,
Mas, a redoma me acompanha.
Meus passos, meus pensares
Em rédeas curtas controlados
Pela intervenção química na sinapse diretiva
Do elemento biológico que abriga meu eu.
Que contradição!
Ser livre, mesmo não sendo.
O jaleco, mesmo não sentindo o que sinto,
Prescreve como se sentisse,
E assim vai aumentando os muros
E engrossando a espessura das placas de vidro.
Fora dessa redoma embotada,
Cinza e de silêncio sepulcral
Seria eu, um perigo para outros
E para mim mesmo?
Mas quando meus pássaros
Começam a encurtar as asas,
E minhas borboletas passam a vagar
De flor em flor cinza
Em um revoar combalido pela falta de claridade,
Um touro, teimoso e birrento
Arrebenta com tudo,
Pois, sua natureza é a liberdade
E não o confinamento.
Quanto o centauro enlouquece
A redoma envidraçada fica vazia,
Pois todos meus animais internos
Vão recuperar suas cores
E beber na fonte da liberdade...
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