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AS TRÊS FASES DO AMOR



Desde há muito o amor vem sendo confundido com desejo, posse e luxuria. Todas as civilizações tem explorado e classificado esse sentimento como se ele tivesse apenas uma face ou estágio, bem como, algo simples e bobo, no entanto, o amor é algo além da alma, tanto quanto, bem além da compreensão humana.


No cristianismo sua interpretação ficou na superfície, não buscou a profundidade inserida na frase DEUS É AMOR, proferida por Jesus. Mesmo provocando fascínio em seus seguidores, os mesmos sequer se comprometeram a entender mais profundamente o pensamento de seu Mestre em relação ao amor verdadeiro, o que está muito além da realidade psicológica e concreta, ou seja, o amor que abrange o todo, a quintessência de todos os sentimentos.


Para a presença e atuação do amor verdadeiro é preciso a ausência do ego. É notável que todo início de qualquer relacionamento, seja, filial, de amizade, profissional e conjugal tudo transcende em paz, alegria e arrebatamento, no entanto, o ego passa a ser convidado a se retirar onde o amor se faz presente.


Como represália o ego grava suas garras na vida do ser através do ódio, da raiva, da possessividade, da dominação e de ciúmes, e, assim, a vida passa a ser perturbada e o amor verdadeiro vai embora, visto que, na seara dos sentimentos onde essas feras habitam não há espaço para o amar verdadeiramente, fica apenas o autoengano de que o amor ainda existe.


Osho em “A Essência do Amor”, classifica o amor em três: o amor número um, o número dois e o número três. O amor número um está ligado a um objeto e esse a possessividade, pois o ego se faz presente, trata-se do amor comum, aquele em nos comportamos com possessividade e não nos damos conta. Nesse tipo de amor, tudo aquilo que amamos está relacionado ao pronome possessivo “meu”: meu marido, minha esposa, meus filhos etc.

Toda a possessividade reprime a liberdade e toda repressão ao que é belo acaba por destruí-lo.


Rubem Alves em “O Pássaro Encantado”, conta que um pássaro e uma menina fizeram linda amizade, tão linda, que todos os anos no início da primavera o pássaro voltava para vê-la, visto que, ambos se amavam.


Alguns anos depois, após muitas despedidas a menina condoída pela saudade que lhe afetava a ausência de seu amigo de penas, resolveu prendê-lo em uma gaiola. Em poucos dias o pássaro perdeu peso e as penas devido a restrição de sua liberdade. A menina também entristeceu, pois, seu pássaro não mais falava e nem cantava.


Um certo dia a menina perguntou ao pássaro o que ela podia fazer para tê-lo feliz novamente. O pássaro disse que somente sua liberdade lhe traria a felicidade. A menina um tanto receosa libertou o pássaro, que imediatamente partiu. As estações se sucederam enquanto a saudade crescia no peito da menina, até que na primavera o pássaro retornou cantante e feliz como sempre foi em plena liberdade.


A menina ao libertar o pássaro aprendeu a conviver com a saudade e sem saber ingressou no segundo tipo de amor, o amor ligado não mais ao objeto, mas a subjetividade, ou seja, ela passou a amar a liberdade do pássaro e a felicidade que lhe era proporcionada, não importou mais tê-lo sempre por perto, mas livre para partir e voltar quando era propicio, ou seja, a possessividade foi mandada as favas.


Segundo Osho, o amor número três está ligado a transcendência divina, nele, o sujeito, o objeto e a subjetividade desaparecem, tudo se transforma em amor, pois ele deixa de ser um ato e se torna uma qualidade constante que está em tudo, porque tudo está nessa qualidade, ou seja, o terceiro tipo de amor é que está em Deus.

 
 
 

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