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Dias de fúria


Há dias em que a própria respiração irrita ou entorpece o espírito, que ávido por paz recolhe-se numa digressão que o leve para longe dos campos de batalha, que lhe arrebate das arenas da alma onde apenas um guerreiro luta com as sombras de sua existência.

São dias terríveis em que uma nostalgia desconhecida assalta os sentidos, refletindo do espírito para fisiologia as mais intrincadas sensações, com a angustia e a saudade de algo perdido em algum lugar do tempo, atormentando o espírito prisioneiro da carne.

Brota nas paisagens d’alma um anseio de correr, de acompanhar o vento que com suas rajadas dobram as mais afixadas árvores. Há nas veias uma vontade crescente de rebeldia impelindo para fora de si, através da boca, toda a revolta opressa pelas convenções, que nos tornam, algozes e prisioneiros de nós mesmos. As mesmas, que insistem em nos manter crentes na utopia do ser especial, enlameados pela vaidade hominal.

Nesses dias, a solidão se faz companheira, atrelada à incompreensão dos que rodeiam os argonautas. Não entendem os acomodados marinheiros de barco de papel, que todo argonauta trás consigo uma vontade de adentrar os mares calmos e bravios em busca de si mesmos.

Nessas ocasiões, chega-se a conclusão que buscar um oásis onde sacie a vontade por vida não serve para espíritos fracos, que sucumbem ao menor sinal da verdade, dissipando seus dogmas, lhes obrigando a abandonar o ostracismo intelectual. Somente espíritos fortes que abandonaram o redil dos espectros ovinos, atingem a rota das fontes, que saciam a sede por respostas do porque existir. No entanto se paga um preço alto por tal liberdade onde se torna criador e artífice de seu próprio alimento, ou seja, isolamento e solidão, enquanto que o sol escaldante do meio-dia exclama: se queres viver sob mim, deves saber suportar meus raios, que remeto a ti por minha fiel mensageira, a verdade…

Quantas questões, perquirições nestes funestos dias rondam os pensares tumultuados, que se agitam e se digladiam uns contra outros. Os mais antigos não querendo abrir mão do espaço conquistado, para os as novas concepções, destruidoras do atraso… Os olhos, espelhos da alma de pronto denunciam: há nas paisagens mentais deste macaco pelado e pensante, um grande conflito existencial…

 
 
 

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