Ecce Homo
- Davi Roballo
- 25 de nov. de 2007
- 1 min de leitura
Ecce homo
Sou um enigma Um rastro de sereno Que se apaga com os raios de meu pensar Evaporando-se para fazer parte das nuvens E lá das alturas contemplo a planura Onde esboço o rascunho de minha liberdade Sou o que sempre fui deixando de ser… Sou uma crisálida, uma metamorfose Sou fogo, sou ar, sou terra, sou água Sou um rio que flui sereno Em direção ao mar e ao abismo Onde se desfazem minhas utopias e meus medos Sou claridade, sou confusão Sou paz, sou guerra. Sou finito, sou imensidão… Brotam em mim verões, primaveras e outonos Onde renovo minha aurora Há inda em mim muito inverno e lareira Mas sobra espaço para aconchego e prosa Em fuga diante da madrugada matreira Pois minha mente nietzschiana está grávida Grávida de idéias Um dia darei à luz A uma estrela pensante Nesse dia Todas as ilusões e utopias Religiões e deuses cairão Mas, minha mente sabe Que se erguerão outros ídolos Outras irracionalidades Pois o homem é uma criança perdida Dos caminhos de si mesma E ao encontrar uma pedra, nas trevas De sua ignorância voluntária Aos prantos dobra os joelhos E a chama de pai, lhe rendendo graças Pois esta criança grande Não sabe navegar em outro mar Se não for o de suas ilusões…
Ecce homo
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