EFÊMERO
- Davi Roballo
- 15 de abr. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 17 de abr. de 2021

A morte e o tempo,
Desde há muito de mãos dadas
Atravessam desertos, mares e florestas
Engolindo cidades, nações e suas histórias.
Diante dessa dupla perturbável
Se faz necessário
Muito discernimento e coragem
Para aceitar a indiferença que há
Na natureza em relação a vida.
Nada na existência se reveste
De tanta paciência e frieza do que o tempo,
Pois, em fatias ele mata-nos aos poucos,
Além disso,
É preciso mais coragem ainda,
Para aceitar o fato trágico de que a cada minuto
A morte calçando as sandálias do tempo
Caminha dezenas de passos em direção a tudo que está vivo
Ou simplesmente existe.
A morte, dama escura
E fria como lápide abandonada,
Consome o que nos dá a vida,
O respirar, o andar,
As épocas e os instantes fatiados feito lenha.
Com sua macabra foice
A morte ceifa as lascas maiores dos anos,
As lascas médias de meses,
As lascas menores de semanas,
As lascas mínimas de dias
E as lascas ínfimas de horas.
A morte sequer sabe a diferença
Entre a presunção e a humildade,
Para ela,
O rico e o pobre;
O intelectual e o ignorante;
O branco e o negro;
Em seu prato possuem o mesmo gosto.
Da morte e de seu aliado tempo
Ninguém escapa,
Porque a morte é o princípio da vida
E a vida o princípio da morte.
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