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EFÊMERO

Atualizado: 17 de abr. de 2021




A morte e o tempo,

Desde há muito de mãos dadas

Atravessam desertos, mares e florestas

Engolindo cidades, nações e suas histórias.


Diante dessa dupla perturbável

Se faz necessário

Muito discernimento e coragem

Para aceitar a indiferença que há

Na natureza em relação a vida.


Nada na existência se reveste

De tanta paciência e frieza do que o tempo,

Pois, em fatias ele mata-nos aos poucos,

Além disso,

É preciso mais coragem ainda,

Para aceitar o fato trágico de que a cada minuto

A morte calçando as sandálias do tempo

Caminha dezenas de passos em direção a tudo que está vivo

Ou simplesmente existe.


A morte, dama escura

E fria como lápide abandonada,

Consome o que nos dá a vida,

O respirar, o andar,

As épocas e os instantes fatiados feito lenha.


Com sua macabra foice

A morte ceifa as lascas maiores dos anos,

As lascas médias de meses,

As lascas menores de semanas,

As lascas mínimas de dias

E as lascas ínfimas de horas.


A morte sequer sabe a diferença

Entre a presunção e a humildade,

Para ela,

O rico e o pobre;

O intelectual e o ignorante;

O branco e o negro;

Em seu prato possuem o mesmo gosto.


Da morte e de seu aliado tempo

Ninguém escapa,

Porque a morte é o princípio da vida

E a vida o princípio da morte.

 
 
 

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