ILUSÕES PERDIDAS

Vou andando

E para trás vão ficando

Minhas ilusões desoladas

E minhas frustrações

Totalmente amontoadas.

Ando e muitas paisagens vejo

E nada se parece ao que

Pregam os homens

Que sem vendas

Controlam uma

Multidão de cegos.

Eu vejo constantemente

Muitas pessoas sendo conduzidas

Pelas ruas imundas,

Com a promessa de redenção

E a reconquista de um

Paraíso perdido,

Pessoas que esqueceram

Quem são, o que são

E quem foram.

Há dias em que fico cheio

Disso tudo,

Dias em que penso apenas

Viver um sonho que não é meu,

Pois me belisco e me vejo acordado.

Para piorar,

Nesses dias a verdade

Me chicoteia ainda

Com mais violência,

Enquanto a realidade

Joga salmoura

Sobre os cortes do chicote.

Pessoas cruzam por mim

Com olhos fechados

Conduzindo outros cegos

Em direção ao abismo

De suas ilusões.

Aqui e ali falo baixo

Comigo mesmo,

Pois, mesmo cegas

Essas pessoas podem me ouvir

E ouvindo dirão

Que afirmo ver

O que elas não enxergam,

E isso bastará

Para me ingressarem

Em um manicômio,

Pois elas já se convenceram

Que todas as pessoas

Nascem cegas

E que ver só pode

Ser coisa de loucos.