top of page
Buscar

Infindável




Vai espírito errante e oscilante

Vai…, tens de ultrapassar essas nuvens

De solidão e angustia.

Tens de deixar para trás

Essas nevoas de frio

Da montanha indiferente.

Mas a cada passo há mais frio

E mais só se sentirá.

Mesmo assim vá

Não há como parar

Andar esquenta

E oxigena o sangue

Não tens mais como voltar

Tudo que era já não é mais.

O que ficou e está abaixo

É para quem vive no raso

Para quem não suporta a verdade

Para quem não suporta ser livre

Pois há um preço pela liberdade

De criar, de enxergar…

É a violência de um soco,

O frio, a solidão,

Um barril de acido nos olhos

E a dor de continuar enxergando

Enquanto os olhos sangram

Enquanto no raso cegos tateiam

A procura de suas vidas e seus pés

Enquanto ciência e religião

Tem as mãos untadas do mesmo sangue

E brigam tentando lavá-las

Numa mesma poça de água suja.

O mesmo sangue por qual choram

As viúvas enlutadas de negro.

Sangue que construiu a solidão

Do órfão que plantado a beira-mar

Com os olhos perdidos no horizonte

Espera o que não virá

Pois na inocência se fez soldado

Doou a vida pela fé, pela pátria…

Bucha de canhão fora

Agora é herói impotente

É uma nascente de lágrimas

Que corre até os que ficaram

Na esperança de reencontrá-lo.

Tristeza e solidão é recompensa

Para quem quer ser soldado

Por isso os mais espertos e fortes

Não vão a guerra

Comandam o tabuleiro a distância

Enquanto os fracos e ingênuos

Por eles vergonhosamente tombam

Desenhando no canto da boca

As palavras mágicas

Fé, pátria, honra…

Tens de continuar andando, avante!

Não tens como retornar

Tudo o que foi já não é mais

Avante! há um universo a conquistar

Poeirinha, da poerinha da poeira….

 
 
 

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page