Infindável
- Davi Roballo
- 16 de jun. de 2011
- 2 min de leitura

Vai espírito errante e oscilante
Vai…, tens de ultrapassar essas nuvens
De solidão e angustia.
Tens de deixar para trás
Essas nevoas de frio
Da montanha indiferente.
Mas a cada passo há mais frio
E mais só se sentirá.
Mesmo assim vá
Não há como parar
Andar esquenta
E oxigena o sangue
Não tens mais como voltar
Tudo que era já não é mais.
O que ficou e está abaixo
É para quem vive no raso
Para quem não suporta a verdade
Para quem não suporta ser livre
Pois há um preço pela liberdade
De criar, de enxergar…
É a violência de um soco,
O frio, a solidão,
Um barril de acido nos olhos
E a dor de continuar enxergando
Enquanto os olhos sangram
Enquanto no raso cegos tateiam
A procura de suas vidas e seus pés
Enquanto ciência e religião
Tem as mãos untadas do mesmo sangue
E brigam tentando lavá-las
Numa mesma poça de água suja.
O mesmo sangue por qual choram
As viúvas enlutadas de negro.
Sangue que construiu a solidão
Do órfão que plantado a beira-mar
Com os olhos perdidos no horizonte
Espera o que não virá
Pois na inocência se fez soldado
Doou a vida pela fé, pela pátria…
Bucha de canhão fora
Agora é herói impotente
É uma nascente de lágrimas
Que corre até os que ficaram
Na esperança de reencontrá-lo.
Tristeza e solidão é recompensa
Para quem quer ser soldado
Por isso os mais espertos e fortes
Não vão a guerra
Comandam o tabuleiro a distância
Enquanto os fracos e ingênuos
Por eles vergonhosamente tombam
Desenhando no canto da boca
As palavras mágicas
Fé, pátria, honra…
Tens de continuar andando, avante!
Não tens como retornar
Tudo o que foi já não é mais
Avante! há um universo a conquistar
Poeirinha, da poerinha da poeira….
Comments