Multidão
- Davi Roballo
- 3 de mai. de 2016
- 1 min de leitura

Não gosto de andar entre a multidão,
Prefiro observá-la do alto de um prédio
Como um menino fascinado
Que observa as formigas.
Gosto de ver como essa multidão anda,
Como se agita, um vai e vêm multicores,
Transformando as ruas num mar de histórias
Que cada um traz em sua conta.
Milhares de vozes entrelaçadas
Produzindo um zumbido como das abelhas.
Mesmo assim, com o ouvido bem atento
Percebe-se inúmeros gemidos de dor vida.
Arrastam consigo sepulturas
E inúmeros corpos insepultos
Embrulhados em segredos
Que não revelam,
Nem mesmo em troca
De analgésico para dor
E bálsamo para as feridas.
Como um barqueiro
Sem remo e sem rumo,
Trazem desespero nos olhos
E do futuro uma falsa perspectiva.
Procuram andar sempre por onde tem gente,
Temendo a solidão cada um evita ficar só,
Pois, na solidão se torna monstruoso o silêncio
Ao acordar os demônios que há dentro de nós. Davi Roballo______
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