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Multidão



Não gosto de andar entre a multidão,

Prefiro observá-la do alto de um prédio

Como um menino fascinado

Que observa as formigas.


Gosto de ver como essa multidão anda,

Como se agita, um vai e vêm multicores,

Transformando as ruas num mar de histórias

Que cada um traz em sua conta.


Milhares de vozes entrelaçadas

Produzindo um zumbido como das abelhas.

Mesmo assim, com o ouvido bem atento

Percebe-se inúmeros gemidos de dor vida.


Arrastam consigo sepulturas

E inúmeros corpos insepultos

Embrulhados em segredos

Que não revelam,

Nem mesmo em troca

De analgésico para dor

E bálsamo para as feridas.


Como um barqueiro

Sem remo e sem rumo,

Trazem desespero nos olhos

E do futuro uma falsa perspectiva.


Procuram andar sempre por onde tem gente,

Temendo a solidão cada um evita ficar só,

Pois, na solidão se torna monstruoso o silêncio

Ao acordar os demônios que há dentro de nós. Davi Roballo______

 
 
 

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