Necrotério
- Davi Roballo
- 9 de abr. de 2012
- 1 min de leitura

Não acredito haver maior dor Que ouvir o silêncio e Acordar antes do sol Enquanto todos dormem.
Dói muito enxergar no escuro Enquanto que outros Mesmo com lume Não enxergam a ponta do nariz.
Minha maior solidão Não é quando estou só Mas quando estou acompanhado De pessoas que não falam a mesma língua.
Minha grande dor é andar por casas, Prédios públicos, avenidas e ruas Como se andasse a percorrer As alas de um grande necrotério.
Necrotério de mortos que andam, Falam, brincam e sorriam, Mortos que ainda não sabem… Que estão mortos para a vida.
Mortos que nunca souberam O que é viver, prisioneiros de si mesmos Prisioneiros da liberdade, Mortos, vivos, mortos para a vida…
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