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"Normalidade"



“Mas não há escola que nos ensine a liderar um povo com honra ou a redigir uma matéria com ética”. Jornalista Mauro Santayana

Boquiabertos, espíritos livres testemunham diariamente os acontecimentos deflagradores de escândalos e mais escândalos, que por já serem tantos, o populacho se convence de estar vivendo numa “normalidade”. Já fazem parte de suas vidas. Já não causam mais tanto espanto, quanto causavam antigamente.

Lembrando tempos idos, defrontamo-nos com situações diferentes da que hoje acontece no cenário nacional, ou seja, por muito pouco a população estava nas ruas para exigir providências das autoridades e a renúncia dos envolvidos. Será que essa população esqueceu de sua própria força? Ou ela é como ovelha, necessitando de cães e pastores para que a conduzam? Fico com a segunda opção, pois sei bem que as coisas estão dessa forma porque as ovelhas estão de barriga cheia no redil, pois os pastores e cães agora mandam na fazenda. As ovelhas tendo comida, sombra e água fresca não necessitam arrebentar cercas e nem berrar pelas ruas, a reivindicar o que nem elas mesmas sabem.

Creio piamente que não há reação frente aquilo que é desconhecido. Não há nada mais frágil e fácil de manipular do que uma população imbecilizada. O conhecimento poderia ser adquirido na escola, pois é dele que nascem as reações ao impróprio, aos enganos, as alienações, aos mitos… Mas o que fazer, se nos bancos escolares tudo parece ser direcionado a construção de um cidadão que respeite as leis, decore seus elementares direitos e cauterize seu cérebro, para que não pense. Esse “não pensar”, parece ter segundas intenções, ou seja, quem pensa chega logo à conclusão de que ninguém está acima da lei, nem mesmo os que a fazem.

Nas rodas de conversa, fico triste, me sinto estúpido, pois não sei como foi o desfecho do capítulo anterior da novela das oito; quem matou quem no Linha Direta; não sei quem é Jajá, quem é Juju na Zorra Total. Não tenho conhecimento do resultado do Campeonato Brasileiro, muito menos sei o nome da bandeirinha que vai posar nua numa determinada revista masculina. Os livros estão deixando-me burro, mas prefiro ficar com eles…

Outro dia, para complementar um trabalho da universidade, usei um trecho da internet sem citar a fonte. Levei um grande e merecido zero. Fiquei quase uma semana sem dormir, procurando uma justificativa para tamanha idiotice. Contei aos amigos e fui vaiado, por ter me preocupado tanto com algo dentro da “normalidade”.

As coisas parecem ter chegado ao ponto que chegaram pelo fato dos valores terem se invertido, dessa forma não poderia deixar de parafrasear Rui Barbosa ” no Brasil quem pouco rouba é ladrão, quem muito rouba e barão”. Tudo vai continuar dentro da “normalidade”, queiramos ou não, pois há um acordo entre os cães, pastores e ovelhas. Existe um pacto entre eles e elas, mesmo que uma ovelha veja um cão matando uma outra ovelha para o banquete de seu pastor, não deve de forma alguma protestar, pois tal ato sempre existiu, faz parte da “normalidade”. Protestos, somente quando se tratar de raposas e lobos, com os cães e pastores fora da fazenda.

 
 
 

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