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Novilíngua Tupiniquim




Na sociedade fictícia de Oceania no clássico de “1984” de Orwel, o poder autoritário do Partido controla o passado, o presente e o futuro e de tempos em tempos lança uma nova versão do dicionário “Novilingua” ou “Nova fala” como uma das opções para tornar o povo cada vez mais idiotizado e desgraçado possível, de forma que não pense mais por si, mas como o Partido quer.


O “Novilingua” não acrescenta novas palavras, ao contrário, quando não as elimina as mutila com a finalidade de tornar o vocabulário dos habitantes de Oceania o mais podre possível, onde a palavra liberdade não existe no sentido real, mas no oposto, tanto que um dos slogans do Partido é “liberdade é escravidão”.


Como sociedade organizada conquistamos o direito ao voto, não ficando mais restringido a uma minoria dominante. No entanto, quem pode nos afirmar que votar é sinônimo de liberdade, pois que somos muitas das vezes seduzidos pela arte da propaganda, que por si só, quando bem formulada arrasta multidões como arrastou Hitler, que aos poucos estuprou a velha Alemanha sem que os alemães percebessem e assim abriu caminho para executar os maiores crimes contra a humanidade.


Para convencer e arrastar multidões, Hitler exibia números que comprovavam que a economia havia voltado a crescer, como também devolveu o patriotismo e o orgulho alemão que fora apagado na I Guerra Mundial, pregando a intolerância e a eugenia mascarada no discurso de superioridade ariana levando a Alemanha à bancarrota.


O ser humano parece não gostar e nem se dar bem com a liberdade, pois sempre que a alcança dá um jeito de afastá-la. Não quero parecer pessimista, mas o homem parece viver apenas para comer, a ponto de que se tivesse como comer pão três vezes ao dia sem esforço algum, estaria satisfeito e nada mais lhe importaria. Isso me reporta a fábula do pássaro que descobrindo uma fazenda passou a habitá-la e a beneficiar-se da comida farta que havia no celeiro. Com o tempo ficou tão sossegado que se absteve e desaprendeu da arte de voar e quando foi atacado por um gato não teve como reagir, estava gordo e não sabia mais voar.


Segundo o Grande Inquisidor da ficção Irmãos Karamazov de Dostoievski, “nada jamais foi mais insuportável para um homem ou uma sociedade humana do que a liberdade.” Lutamos, conquistamos e quando a alcançamos a jogamos aos poucos fora. Parece que necessitamos lutar por ela constantemente.


A liberdade aos poucos está sendo roubada dos brasileiros que enfeitiçados pelos números econômicos, apascentando-se nos vale miséria, vale reclusão, vale gás… e já cansados de ser livres, inconscientemente estão a dizer ao governo “torna-nos teus escravos, mas alimenta-nos”.


O primeiro passo para idiotizar os tupiniquins já foi dado, por enquanto está na linguagem empregada nos livros didáticos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Parece tão inocente ou até mesmo brincadeira, mas não é, e em breve se não tomarmos providências estará no Ensino Fundamental, Ensino Médio e nas Universidades e posteriormente como o povo de Oceania da ficção de Orwel estaremos sendo vigiados por “teletelas”, não iremos mais louvar a Deus, mas ao “Grande Irmão” ou a “Grande Irmã”.

 
 
 

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