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O livro como extensão de imagens de nós mesmos




Quando o filósofo canadense Marshall McLuhan apresentou os meios de comunicação como extensões dos sentidos do homem, abriu um vasto caminho de possibilidades e analogias para compreender, como chegamos as nossas tecnologias e novas mídias partindo de nós mesmos.


Tudo que inventamos até agora, é uma extensão de uma parte de nós, por exemplo: a faca sendo a extensão dos dentes, o óculos, lunetas, telescópicos e afins como extensões do olho, o rádio, celular, megafone como a extensões da voz e etc…


Inspirado em McLuhan, podemos divagar pelas sendas do pensar embalados pela criatividade imaginativa e buscar entender o livro como extensão de nós mesmos. Não a extensão concreta de McLuhan que reduz o livro a uma extensão da memória e imaginação do autor, mas como extensões de segunda ordem e/ou abstratas.


O fato está em que ao pegar um livro e mergulhar no mar de suas letras, uma imensidão de sensações invade nossa consciência. Essas emoções representam praticamente os mesmos efeitos daquilo que testemunhamos no mundo sensível, não no seu verdadeiro sentido, mas através de um jogo de imagens que formulamos ao decodificar as letras e juntamente com elas as emoções típicas.


Ao lermos a descrição de uma ação que ocorre em um livro, não a ouvimos, não a vemos, mas a imaginamos numa sequência de imagens correspondentes, como alguém praticando e/ou vivenciando essa ação. Mas, para isso é preciso termos passado por experiências como as descritas no que lemos, caso contrário, essas imagens não serão formuladas, pois segundo Nietzsche “Ninguém consegue tirar das coisas, incluindo os livros, mais do que aquilo que já conhece”.


Outro fato interessante é extensão de nossos pés, pois no mundo concreto em algum determinado tempo da evolução formulamos os sapatos e as meias que são as extensões da pele tanto da planta quanto das demais partes dessa extremidade dos membros inferiores. Aprimorando as extensões chegamos aos meios de transporte, que também são extensões de nossos pés no sentido de ir e vir, levar a algum lugar. Nos livros essas extensões também se manifestam através de imagens que nos transmitem todas as sensações de uma caminhar, voar, dirigir um carro, pedalar em uma bicicleta, navegar etc…


As imagens formadas ao ler um livro, também são extensões de emoções dos personagens tanto quanto, de quem o escreve, pois que ao ler um livro dependendo do enredo, essas emoções nos alcançam e nossas emoções a respeito do que vivemos se manifestam, e então, ficamos tristes, alegres, entusiasmados e curiosos.

Outro aspecto interessante é o fato de que essas imagens estão sempre ligadas temporalmente ao passado e ao futuro, nunca no presente. No presente está somente sua reformulação, a partir da decodificação das letras, isto é, o momento em que estamos a ler um livro e a formular imagens que faz com que nossas emoções se manifestem sem interferência do ambiente externo, além das letras do livro. Ler é formular outro mundo na imaginação, outro mundo com base firmada em nosso repertório de conhecimento e experiências. Um mundo que só nós temos acesso.


O fato de as imagens, produto das letras decodificadas, provocarem em nós as emoções e sensações, faz delas extensões de nosso interior, ou seja, de nosso ambiente interno, e a formulação dessas imagens varia de indivíduo para indivíduo, pois depende seu repertório de vida, de suas experiências.


 
 
 

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