O porquê das mulheres assustarem tanto
- Davi Roballo
- 28 de fev. de 2014
- 4 min de leitura

Há verdades nas páginas da história que a própria história negligencia. Nós, ocidentais, devemos muito a determinadas mulheres que nos momentos mais cruciais e importantes da trajetória do mundo civilizado foram fundamentais para que esses fatos ocorressem e lançassem no futuro a projeção do que somos hoje, enquanto civilização. Entre elas estão: Hipácia, Agripina, Olímpia, Elizabeth, Vitória, Isabel, Channel etc.
Devido à astúcia e à inteligência acentuada aliadas à natureza inata da própria mulher, os homens ao longo de nosso caminho têm feito de tudo para manter abafado, aprisionado o que eles reconhecem não resistir, isto é, a sagacidade feminina. Entre essas retaliações está ignorar completamente e/ou parcialmente a importância que tiveram as mulheres por si mesmas, como no meio afetivo dos grandes vultos da história mundial, como também não deixá-las perceber que a fragilidade feminina, na verdade, é mais forte que o próprio homem. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Olímpia, mãe de Alexandre, foi fundamental na educação do filho, principalmente quando fez com que Felipe contratasse Aristóteles como seu preceptor, enquanto o pai estava mais preocupado em somente instruí-lo na lide bélica. Foi por influência de Olímpia que Alexandre alargou seu império e desenhou o que é hoje o ocidente, se não fosse por ele talvez o cristianismo não tivesse brotado, assim como as grandes navegações não teriam ocorrido.
Hipácia de Alexandria morreu apedrejada porque uma mulher expor sua inteligência como ela expôs através de sua filosofia era, como ainda é, embora um pouco menos, uma afronta ao gênero dominante que convive muito bem com uma das bases da estupidez, que é a força.
O que haveria de acontecer aos britânicos se não fosse por Elizabete I e sua sagacidade ao enfrentar uma corte espanhola mergulhada num fanatismo religioso retrógrado? Elizabete agigantou-se diante de seus próprios generais e liderou as estratégias que riscaram de vez as pretensões espanholas de dominarem a Inglaterra, e assim nasceram as bases do império britânico que tanto influenciou a vida ocidental. Talvez, toda a altivez elisabetana tenha sido herdada de sua mãe Ana Bolena, a Rainha e segunda esposa de Henrique VIII, mulher inteligente e sagaz que com seus encantos tornava o todo-poderoso Henrique em um joguete, o que talvez tenha despertado ódio na corte, culminando com uma possível armação que a conduziu à sua decapitação acusada de prática de incesto com o próprio irmão.
No país tupiniquim, temos a emblemática Carlota Joaquina, outra mulher sagaz e inteligente que nunca se permitiu dobrar a uma escravidão silenciosa de gênero, e que a história para abafar seu status de mulher com modos e pensamento independentes a marca como uma megera doidivana desprovida de beleza. Há muitas outras personalidades femininas que não haveria páginas suficientes para mencioná-las, mas, a título de exemplificação da importância e valor ignorados da mulher, servem as acima citadas.
Há um sem número de vultos históricos masculinos perversos e um número ínfimo de mulheres perversas que influenciaram a história humana, no entanto, esse ínfimo pesa muito mais do que dos homens. Por quê? (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Em toda a história da cultura religiosa da terra, devido à sua própria luz, a mulher foi aprisionada nas páginas mal-escritas dos livros que balizam a maioria das crenças. Na bíblia cristã, a mulher surge em um segundo plano e como parte de um todo, ou melhor, denotando submissão ao homem que lhe cedeu a costela, logo a costela, parte que na falta de uma ou duas não interfere na composição e/ou metabolismo humano. Devido à sua acentuada inteligência, seria um pouco mais aceitável ela ter surgido do cérebro do homem como surgiu Atena do cérebro de Zeus, segundo a Mitologia Grega.
Confrontando a Mitologia Cristã e a Mitologia Grega, já que uma é cópia malfeita da outra, percebe-se, ainda, que Zeus se portava como um sujeito galante e sedutor culminando seu intento com a aprovação das mortais seduzidas, e não como uma deidade que engravidasse uma mortal, sem levar em conta se ela estaria de acordo com isso e muito menos se essa mortal já não estivesse comprometida.
Outro fato é a presença da mulher na Mitologia Grega em sua maioria dar-se como musa, ninfa, deusa e mortais de beleza esplêndida, como de outras de virtude exemplar como Penélope que esperou Ulisses por vinte anos totalmente casta. Em contrapartida, nos livros sacros, a mulher na grande maioria é citada como a responsável pela barbárie, pela desgraça e tudo o mais de ruim possível. Por que será?
A mulher está intencionalmente presa nos códigos de quase toda crença religiosa, justamente porque não há prisão mais segura do que essa e porque não há na face da terra poder de polícia maior e mais eficiente do que a fé religiosa. Ao contrário, os homens já estariam submetidos a elas desde há muito, mas nem mesmo isso foi capaz de arrefecer seus encantos e muito menos sua acuidade, sensibilidade e intuição acentuadas, apenas delimitou um território por onde podem transitar presas na própria claridade.
Continuam presas, porque mulheres assustam fora dessa cela inconsciente em que os pais da estupidez as sujeitaram, pois, assim, sentem-se seguros, mergulhados no autoengano de superioridade…
Davi Roballo____
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