O SONHO E O IMPOSSÍVEL
- Davi Roballo
- 6 de jun. de 2021
- 1 min de leitura

Quem não tiver sonhos
Que acorde de imediato
Ou adormeça para sempre.
Sonhos, mesmo aqueles sonhos embolorados
Que dependuram as molduras do impossível,
Adornando as paredes de um tempo que já passou.
Ainda, queiras ou não, apontam uma direção a seguir.
A ninguém foi dado o direito e a possibilidade de viver
Sem sonhos e sem fantasias,
Ainda que inalcançáveis.
Mesmo as pedras e as árvores
Sonham com aqueles dias
Que jamais irão acontecer,
Porque todos os seres animados ou inanimados
Precisam suportar o peso dos ponteiros do tempo.
Até mesmo os psicopatas e os frios
Sonham mergulhados no profundo desejo
De serem pegos, presos, descobertos...
Pois o que é o sonho?
Se não um profundo desejo
Em ser notado por uma fresta na janela do mundo.
O sonho tem suas asas acopladas
No dorso do desejo de eternidade,
Por isso o homem renega
Tudo aquilo que aponte enfaticamente
Para o seu próprio fim.
Todos as vestes do guarda roupa natural
Se consomem com o tempo,
Mas o sonho é o armário
De todas as roupas invisíveis
Que vestem o impossível.
Ah! Os sonhos envelhecem,
Mas não perdem a consistência
Embora amarrotados e manchados
Pela poeira acumulada nas estradas da vida.
Quem não tiver sonhos
Que acorde de imediato
Ou adormeça para sempre.
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