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O SONHO E O IMPOSSÍVEL



Quem não tiver sonhos

Que acorde de imediato

Ou adormeça para sempre.


Sonhos, mesmo aqueles sonhos embolorados

Que dependuram as molduras do impossível,

Adornando as paredes de um tempo que já passou.

Ainda, queiras ou não, apontam uma direção a seguir.


A ninguém foi dado o direito e a possibilidade de viver

Sem sonhos e sem fantasias,

Ainda que inalcançáveis.


Mesmo as pedras e as árvores

Sonham com aqueles dias

Que jamais irão acontecer,

Porque todos os seres animados ou inanimados

Precisam suportar o peso dos ponteiros do tempo.


Até mesmo os psicopatas e os frios

Sonham mergulhados no profundo desejo

De serem pegos, presos, descobertos...

Pois o que é o sonho?

Se não um profundo desejo

Em ser notado por uma fresta na janela do mundo.


O sonho tem suas asas acopladas

No dorso do desejo de eternidade,

Por isso o homem renega

Tudo aquilo que aponte enfaticamente

Para o seu próprio fim.


Todos as vestes do guarda roupa natural

Se consomem com o tempo,

Mas o sonho é o armário

De todas as roupas invisíveis

Que vestem o impossível.


Ah! Os sonhos envelhecem,

Mas não perdem a consistência

Embora amarrotados e manchados

Pela poeira acumulada nas estradas da vida.

Quem não tiver sonhos

Que acorde de imediato

Ou adormeça para sempre.

 
 
 

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