PEDAÇOS
- Davi Roballo
- 24 de abr. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 26 de abr. de 2022

Vidros transparentes de uma janela quebrados por um pombo em contraste com cacos de um vaso de flores secas que levou uma rasteira do vento.
Ausências de presença e presença de ausências por todo lado, e o ser, bem ali, ajoelhado sobre seus próprios cacos.
Em suas mãos os dedos são insuficientes para quantificar quantas vezes arrebentou o próprio coração, assim como de outros por puro impulso, sem razão, apenas para alimentar a voracidade de seu ego.
Bem ali, o ser ajoelhado sobre seus cacos sangra pelos olhos ao perceber o quanto se enganou consigo mesmo.
Bem ali, encontra-se ajoelhada sobre os próprios cacos a idealização que nunca se realizou, a esperança que nenhum porto encontrou.
Tal qual quase a todos os humanos, bem ali, o ser se encontra nessa encruzilhada: deseja ser ao representar aquilo que não é, e, aquilo que ele não é, lhe engole por completo.
Logo ali à frente de seus olhos dois caminhos: a estrada árdua da completude e da integridade e a estrada fácil da fragmentação de si mesmo para que se encaixe na opinião diminuta e ao desejo mesquinho de outros.
Bem ali à frente encontra-se a verdadeira sombra de quase todo ser humano ajoelhada sobre os cacos de sua falsa vitrine após o choque com a realidade.
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