Planeta Terra, “Pálido ponto azul”
- Davi Roballo
- 16 de set. de 2016
- 3 min de leitura

Carl Sagan, importante astrônomo do século XX, considerado o divulgador cientifico mais carismático de sua época, foi um dos responsáveis pelo envio ao espaço da sonda espacial Voyager em 1977, cuja missão foi explorar e fotografar os planetas de nosso Sistema Solar antes de se perder na imensidão do Universo.
Foi a pedido de Sagan que os técnicos da NASA em 1990 viraram a Voyager para obter uma fotografia de todos os planetas após ela ter ultrapassado o último, Netuno. Na imagem que a sonda enviou para a Agência Espacial Americana, a Terra pareceu apenas um ponto na imensidão dos 6, 4 bilhões de quilômetros de distância. Nas palavras de Carl Sagan, um “Pálido ponto azul”.
A fotografia histórica da Voyager foi apenas do Sistema Solar a que pertencemos, ou seja, um dos bilhões que existem somente na Via Láctea. Mesmo tento bilhões de estrelas como o Sol, nossa galáxia é considerada de um tamanho um tanto medíocre ante as outras 200 bilhões de galáxias existentes no Universo, pois algumas delas são milhões de vezes maiores que ela.
Mas o quão grande é essa mediocridade? Pois bem, para termos uma ideia vamos comparar ela ao tamanho de nosso astro maior, o Sol. Segundo cientistas, se pudéssemos reduzir o Sol ao tamanho de um grão de areia e a nossa galáxia ao tamanho correspondente a mesma escala, a Via Láctea se reduziria ao tamanho real do território do E.U.A e o Sol seria apenas um grão de areia perdido em uma de suas praias.
A pequena parcela que visualizamos do universo é de uma grandiosidade espantosa, tão espantosa, que para ter uma ideia, a galáxia mais próxima da nossa é Andrômeda, duas vezes maior que a Via Láctea e distante 2,3 bilhões de anos luz. Para ter uma noção do absurdo dessa distância, segundo astrônomos da Universidade de Cambridge ela está viajando em direção a nossa galáxia a uma velocidade de 230.000 km/h e provavelmente as duas galáxias irão se fundir daqui a aproximadamente três bilhões de anos.
O Pálido ponto azul de Carl Sagan, ou melhor, a Terra vista da beira de nosso sistema solar é uma bofetada na presunção humana. Nas palavras de Sagan, toda nossa história ocorreu nesse pontinho, rios de sangue foram derramados em guerras, ascensão e quedas de grandes impérios, tudo movido pelo ego e uma falsa noção e desejo inexistente de superioridade. É nesse ponto ínfimo que vivemos entre nossas angústias e alegrias, enquanto uma imensidão incomensurável existe fora do alcance de nossos olhos, desconhecimento que nos torna prepotentes e reducionistas.
Todos os fatos que emolduraram nossa história como humanos e as Eras anteriores ocorreram enquanto a Terra viajava como ainda viaja pelo universo a cerca de 107.000 km/h em torno do próprio eixo e a 1.000.000 km/h acompanhando nosso sistema solar em torno do centro da Via Láctea, enquanto essa viaja a uma velocidade de 2.100.000 km/h pelo espaço acompanhando outras galáxias.
Ante toda essa grandiosidade até agora descoberta pela ciência e a velocidade em que viajamos pelo Universo, nós seres humanos nos tornamos insignificantes. Somos a poeirinha, da poeirinha de outra poeirinha que é uma poeirinha de outra poeirinha que por sua vez é poeirinha de outra poeirinha… Se na beira de nosso sistema solar, a Terra perece apenas um “Pálido ponto azul”, é certo que em relação ao universo em si, nosso planeta seja praticamente inexistente, imagine o ser humano…
Ao estender nosso olhar em direção aos mistérios e a grandiosidade que se esparramam por uma noite estrelada, somente o insensível e o presunçoso não se dobram ao espetáculo e espanto em perceber o quanto somos pequenos ante essa imensidão. Nas palavras de Sagan, mais do que tudo é preciso a consciência e humildade para reconhecer e cuidar de nosso planeta, pois é nosso único lar, como também é preciso aprendermos a conviver uns com os outros, respeitando as diferenças sem tolices e vaidades, pois além da Terra, não temos mais para onde ir…
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