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PORTÕES DO INDEFINÍVEL



Chega um tempo em que o próprio tempo deixa de ser importante, pois há determinada resignação pairando sobre os dias de sua própria indefinição.


Para alguns com a maturidade vem a resignação quanto a vida e seus estágios, então, o relógio perde sua importância como fatiador das horas, pois deixa de existir o medo da noite, do entardecer e do adormecer.


Chega sempre o dia em que a natureza por desdém ou por piedade mesmo, permite ao ser humano desconfiar e intuir quantas estações, noites e dias lhe faltam para ultrapassar o grande portão do indefinível.


A vida, este caminho percorrido envolto em tramas, sonhos, alegrias e desilusões se esvai pouco a pouco e um dia tolhida pelo cansaço entrega a terra o invólucro que teve dela emprestado.


Existe no inconsciente coletivo uma não aceitação do fim, que se resume e se estrutura nas faces da cultura e da tradição que há no encaixotar e emparedar o corpo sem vida.


Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? São questões que ecoam pela eternidade vestidas de incertezas e medo.


A presunção e o desejo de vida eterna nos perseguem desde que a razão invadiu a vida humana.


Indefinível é o que vem depois do início, meio e fim.


Seria presunção essa coisa do ser humano se colocar acima de outras criaturas com o direito de um paraíso depois da morte?


Indefinível e incerto é o que nos aguarda após cerrarmos os olhos, por isso tememos o próprio entardecer.

 
 
 

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