Quem está no comando?
- Davi Roballo
- 23 de nov. de 2009
- 3 min de leitura
Quem está no comando?
“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o mundo pertence a quem se atreve, e a vida é MUITO para ser insignificante” Charles Chaplin
No advento do século XXI, estamos tão atribulados movidos pela engrenagem egoística e utilitarista a ponto de não percebermos o quanto estamos perdendo de nossa capacidade de interação presencial, espacial e fraternal. Isto nos prova que nossos pensamentos não possuem vida própria. Podemos observar que possuem sua gênese nas pressões exteriores que são exercidas pela cultura, pelos dogmas, preconceitos, moda, moral, religião, fé… e nessa avalanche de novas mídias e tecnologias em que estamos à deriva, deixamos-nos conduzir pela industria do “besteirol”.
Estamos trilhando as mesmas noções de valores que nos conduziram e alicerçaram a sociedade até hoje. Esquecemos de que o pensamento nos é próprio. É nosso. No entanto devido as pressões e ao hábito de não refletir, acabamos rendendo-nos a elas, outorgando dessa forma, que comandem nossas vidas. Desde o principio da sociedade não tivemos o controle de nós mesmos, mas, atualmente, o fluxo de informações e a velocidade exponencial como chegam até nós, nos tem feito perder o controle de nossas ações de forma mais acelerada e irracional.
A vida está resumindo-se a uma correria sem precedentes. A todo o momento criam-se necessidades das quais verdadeiramente não necessitamos. Programações desviam nossas atenções dos fatos hediondos que realmente interessam. É ai que o grotesco e o ridículo apresentam-se pintados à ouro como placebo e uma panaceia para enfrentarmos o dilema do inicio, decorrer e fim da existência, sem percebermos que dia após dia ela esculpe a lápide de nosso fim, isto é, estamos passando pela vida sem viver.
No entanto, o ser, a partir do momento em que atreve-se a buscar uma alternativa de independência abre uma janela para o conhecimento, o que lhe possibilita recuperar, -mesmo que parcialmente- o controle de si e de suas ações. Deixando assim de executar as ações cotidianas como uma maquina de repetição entre muitas outras que compõem a megaestrutura da “indústria cultural”, que de cultura, não tem nada.
Com a independência parcial de pensamento, inicia-se um processo de criação, e assim, o ser começa a esboçar em suas criações seus desejos, “vontade de poder”, autoestima e valorização de si. No entanto, corre o risco de cair no erro de tornar-se controlador e/ou alimentador de ilusões nas mentes humanas que ainda jazem na repetição, explorando nelas aquilo que podem produzir de melhor, sem conhecimento de que são capazes por si só. Pois, através da observação, conclui-se que é mais fácil adestrar humanos do que cachorro, bastando para isso, apresentar a eles um mundo paralelo perfeito, que só é alcançado por quem resigna-se, é dócil e tem para si que pensar é um crime que afasta as pessoas desse mundo platônico, “ideal”, considerando este mundo do aqui agora, como insignificante, enquanto que o tempo corre em direção a um abismo.
É aqui que vamos encontrar as pessoas atrevidas, ousadas, pessoas que de uma forma ou de outra rasgaram os véus da mesmice, as grades da ignorância, pessoas que sabem discernir conhecimento de informação. Pessoas que como Nicolau Maquiavel, percebem que “os homens são tão simplórios, e tão dominados por suas necessidades imediatas, que um mentiroso sempre encontrará muitos para serem enganados”. É assim que os mais espertos manipulam a nossa necessidade de acreditar em alguma coisa, oferecendo-nos a cada dia uma nova causa, uma nova fé, uma nova esperança, uma nova necessidade…
Essas pessoas, os mais espertos, devido a esperteza tornam esse seu lado obscuro invisível, uma vez que para sobreviver e alcançar seus fins, suas ações são dissimuladas, ou seja, sabem muito bem o que falar para as demais que são seus objetos. Sabem também que devem comportar-se como se pensassem, compartilhassem dos mesmos ideais, tornando-se assim, guia, referência, guru de seus séquitos e/ou escravos… Afinal, quem comanda nossas vidas? Serão os mais espertos em detrimento aos mais fracos? Nós mesmos? Ou o Grande Mágico Invisível?
Quem está no comando?
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