Ser mãe…
- Davi Roballo
- 4 de mai. de 2013
- 1 min de leitura

Ser mãe
Nove meses de claustro em águas doces
Nas marés da ternura, da paciência e do amor…
Quanta espera, quanto preparo?
Transforma-se o corpo em sintonia
Com o coração…
Acalma-se a alma, serena-se o semblante
De esperança no rosto de uma mulher…
Apreensão, angústias e cuidados,
Amadurecem o espírito na espera.
Longe ficaram as bonecas de pano…
A fantasia já é realidade. Mamãe, mamãe!
Já ouve no sibilar do vento, mensageiro das eras…
Sumiram todas as estações, agora tudo…
Tudo é primavera…
Foi-se o amigo imaginário
Agora conversa com quem ouve
E ainda não fala
Porém reage com chutes
A contentar-lhe a alma…
Amor infindo, sentimento inefável
Correm pelas artérias e capilares
Alimentando a parte, que desabrocha
De si, uma alma desde já muito amada…
Bendita alimentação!
Entre mãe e filho permutas de amor
São iniciadas e no decorrer da vida
Jamais serão apagadas.
Alarmes falsos em plena madrugada…
Mas, enfim, chega o dia
O dia da contemplação, da continuidade
Da preservação da humanidade.
Dá-se o primeiro choro, sublima-se ai, o amor
E desenha-se o esboço do primeiro namoro…
Arquiteta-se no primeiro olhar da criatura
Um símbolo, um referencial
No sorriso regado de lágrimas
Daquele anjo, ser tão caro
Tão amável
Tão mãe…
Ser mãe é labaredas
De eternos momentos
Que transformam a alma
Numa chama de acalento
Que nem mesmo o tempo apaga…
Roballo, Davi. Malditos versos mal ditos. Baraúna. São Paulo. 2015, p. 67-68
Comments