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Ser mãe…








Ser mãe

Nove meses de claustro em águas doces

Nas marés da ternura, da paciência e do amor…

Quanta espera, quanto preparo?

Transforma-se o corpo em sintonia

Com o coração…

Acalma-se a alma, serena-se o semblante

De esperança no rosto de uma mulher…

Apreensão, angústias e cuidados,

Amadurecem o espírito na espera.

Longe ficaram as bonecas de pano…

A fantasia já é realidade. Mamãe, mamãe!

Já ouve no sibilar do vento, mensageiro das eras…

Sumiram todas as estações, agora tudo…

Tudo é primavera…

Foi-se o amigo imaginário

Agora conversa com quem ouve

E ainda não fala

Porém reage com chutes

A contentar-lhe a alma…

Amor infindo, sentimento inefável

Correm pelas artérias e capilares

Alimentando a parte, que desabrocha

De si, uma alma desde já muito amada…

Bendita alimentação!

Entre mãe e filho permutas de amor

São iniciadas e no decorrer da vida

Jamais serão apagadas.

Alarmes falsos em plena madrugada…

Mas, enfim, chega o dia

O dia da contemplação, da continuidade

Da preservação da humanidade.

Dá-se o primeiro choro, sublima-se ai, o amor

E desenha-se o esboço do primeiro namoro…

Arquiteta-se no primeiro olhar da criatura

Um símbolo, um referencial

No sorriso regado de lágrimas

Daquele anjo, ser tão caro

Tão amável

Tão mãe…

Ser mãe é labaredas

De eternos momentos

Que transformam a alma

Numa chama de acalento

Que nem mesmo o tempo apaga…

Roballo, Davi. Malditos versos mal ditos. Baraúna. São Paulo. 2015, p. 67-68

 
 
 

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