SOBRE PEDRAS, ÁRVORES...
- Davi Roballo
- 18 de set. de 2021
- 1 min de leitura

Quando menino imaginava o que tinham a dizer as pedras, os pássaros, as árvores, a chuva e as estrelas!
Toda natureza me chamava, como ainda chama e eu não ouvia como ainda não a ouço.
Por mais paciência que eu tenha ou conquiste, ainda vai me faltar paciência para começar a ouvir o que me cerca e está aqui há muito, bem antes de meus ancestrais.
Quero ouvir e ver, mas o ser humano devido a cegueira de suas ambições não possui ouvidos para ouvir o silêncio, muito menos olhos para enxergar o que há de mais profundo e está além de seu umbigo.
Quero saciar minha sede por vida, mas o ser humano não possui uma boca digna e capaz de beber toda chuva que cai em pingos unindo a terra aos céus.
Quero abraçar tudo que vejo, que sinto, mas o ser humano está com os braços ocupados envolta do supérfluo, assim não são capazes de abraçarem todas as pedras e árvores do mundo.
Não há como exigir certa façanha a quem sequer consegue abraçar um único irmão que não lhe ofereça vantagens.
Se eu pudesse ouvi-las, com certeza me diriam que a felicidade que tanto procuro está no meu tamanho e não no tamanho que procuro e desejo.
Diriam também, que um homem jamais deve ambicionar algo maior que o próprio coração.
Diriam ainda, que aquele que olha apenas para o próprio umbigo enrijece o pescoço e seu universo passa a ser apenas o chão.
Diriam, mais uma vez, que a vida é uma fonte em que todos, sem distinção, possuem o direito de beber.
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