SOMBRIO
- Davi Roballo
- 25 de mai. de 2021
- 1 min de leitura

Na noite silenciosa, serena
Galhos de árvores balançam
Como se fantasmas fossem,
Porque a solidão, na verdade,
Deseja companhia, ainda que assustadora.
Uma ave de rapina e de hábitos noturnos
Grasna longe e o coração dispara, tão rápido
E tão perto chega da boca.
As narinas pressentem a ausência
Do cheiro da companhia, da multidão
Por aonde o ser humano anda
Durante o dia na contradição
De estar rodeado de gente
E internamente ser só.
Abrigado nas cobertas
Sem mover um músculo
Deseja apenas o sono,
Enquanto ecos do vento imitam vozes
Que vagueiam ao longe,
Mesmo não sendo, para os ouvidos são,
Porque o ser humano teme e detesta solidão.
Ah! Todas as noites parecem prenunciar o fim,
Porque nelas o medo triunfa a cavalo
Nos mais profundos segredos
Que cada ser traz consigo
Em algum lugar sepultado.
Na porta o vento bate,
A dobradiça sedenta por óleo geme,
O solitário esbugalha os olhos
Como se ali estivesse pela primeira vez,
Como se essa não fosse sua casa,
Como se não fosse daqui,
Como se por aqui estivesse apenas de passagem
E como se no seu mundo, distante, saudoso
Só existisse a alegria e dias de sol.
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