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SOMBRIO




Na noite silenciosa, serena

Galhos de árvores balançam

Como se fantasmas fossem,

Porque a solidão, na verdade,

Deseja companhia, ainda que assustadora.


Uma ave de rapina e de hábitos noturnos

Grasna longe e o coração dispara, tão rápido

E tão perto chega da boca.


As narinas pressentem a ausência

Do cheiro da companhia, da multidão

Por aonde o ser humano anda

Durante o dia na contradição

De estar rodeado de gente

E internamente ser só.


Abrigado nas cobertas

Sem mover um músculo

Deseja apenas o sono,

Enquanto ecos do vento imitam vozes

Que vagueiam ao longe,

Mesmo não sendo, para os ouvidos são,

Porque o ser humano teme e detesta solidão.


Ah! Todas as noites parecem prenunciar o fim,

Porque nelas o medo triunfa a cavalo

Nos mais profundos segredos

Que cada ser traz consigo

Em algum lugar sepultado.


Na porta o vento bate,

A dobradiça sedenta por óleo geme,

O solitário esbugalha os olhos

Como se ali estivesse pela primeira vez,

Como se essa não fosse sua casa,

Como se não fosse daqui,

Como se por aqui estivesse apenas de passagem

E como se no seu mundo, distante, saudoso

Só existisse a alegria e dias de sol.

 
 
 

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