SOMOS MÚLTIPLOS E DESCONHECIDOS
- Davi Roballo
- 7 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
Vários tratados psicológicos e de estudos do comportamento mental do ser humano atestam que a coragem não significa ausência do medo, visto que o medo foi o comportamento que nos trouxe até onde estamos, ou seja, é um de nossos principais mecanismos de autopreservação.
O medo está vinculado a toda nossa rede de preservação, seja psíquica, física ou econômica etc. No entanto, com a expansão do cérebro durante os milênios de nossa evolução, adquirimos o hábito da racionalização, da avaliação, nas quais, aparece mais uma via diante do temor, ou seja, nos primórdios tínhamos a oportunidade da fuga e da subjugação, hoje adquirimos a opção de enfrentá-lo, a isso damos o nome de coragem.
Todo ser humano corajoso, na verdade, é um medroso, no entanto, dotado de atitudes e atos que desafiam a si mesmo a superar-se ante o terror psicológico que o medo proporciona.
Sentir medo faz parte da vida, ele está presente nos dias de quem sente, de quem tem a alma à flor da pele. A ausência do medo está aliada a ausência da empatia, atributo típico de sociopatas e psicopatas, que pouco ou nada sentem em relação ao outro.
O medo se faz presente naquilo que é desconhecido, inexplorado. Bem lá nas profundezas de nossa mente estão nossos maiores medos, que vez por outra escapam para nos atormentar na superfície.
Os nossos maiores medos estão nas versões desconhecidas de nós mesmos, visto que, somos um território quase nada explorado, a cada passo uma nova máscara e uma nova armadura, um novo sonho e uma nova ventura, por isso, viver exige coragem para enfrentarmos aquilo que nos tornamos ser em outros lugares, em outros cadafalsos e outros altares.
O medo tem nos forçado viver conforme o que esperam de nós, o que nos desveste de toda autenticidade. Somos múltiplos simplesmente por conveniência, nos comportamos conforme a ocasião, situação e lugares.
Não lidamos muito bem com a desaprovação, com a crítica e com o espelho, porque isso nos remete aos próprios escombros mentais, nos quais, estão a nossa verdadeira face.
Falta-nos coragem para nos transformar de dentro para fora, falta-nos realizar uma reforma íntima, falta-nos coragem para enfrentarmos a nós mesmos, falta-nos a consciência de que ao sairmos desse mundo levaremos somente o que há em nosso interior.
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