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Sou o que não posso ser


Sou o que não posso ser

Não podemos ser nós Por nós mesmos… Há muito de minha mãe em mim, De meu pai, de amigos, De inimigos, de estranhos…

Sou como mel que não consegue Ser mel por si só Mas néctar de milhões de flores E como abelha, vou sugando De estranhos o conhecimento A experiência e a coragem.

Estranhos que não conheço Que não me conhecem Mas cientes do compartilhamento Pois aquilo que pareço ser Não é aquilo que sou Se não fragmentos de livros De som, de sabor e de imagem…

Não posso ser o que não acabou O que não acaba é continuo Uma construção sem fim A imensidão de um deserto Com bilhões de bilhões De grãos de areia.

Sou uma vastidão Sou ermo de mim Pois sou todos em um O grande deserto Onde trilho Minhas idas e vindas Meus vôos… Minhas decaídas…

Sou o que não posso ser

 
 
 

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