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A VELHA MATRONA DO CAMINHO




Talvez,

Eu, como muitos

Tenha chegado atrasado

Para o encontro com a vida.


Andei tanto, tanto corri

No alvor da juventude,

Mas parece que não havia saído

Do ponto de partida.


Sentindo o inverno repousando

Sobre meus cabelos e a ferrugem do tempo

Impregnando meus ossos,

Tive de diminuir a contragosto a velocidade.


Nem bem tinha me acomodado

Na beira da estrada do mundo,

Deparei-me com uma matrona com ares professoral,

A qual, com uma lista em mãos

E o dedo em riste me pergunta:

Aonde pretendias chegar

Tão apressado?

Bem sabes que não tenho tanto tempo,

Grande parte do que tinha

Gastei te acompanhando

Na esperança de que tu desses

Uma trégua em tua insanidade.


Sou a tua vida como nunca viveste,

Como nunca encontraste.


Aqui te entrego todo o início da velhice

E o que te cabe em sementes de maturidade.


Tua velhice meu caro, é certa

Dela tu não escapas,

Mas, a maturidade terás

De cultivá-la, visto que,

Nem todos os velhos são maduros

E nem todos maduros são velhos.


Há pessoas que colhem os frutos antes do tempo

Por terem amadurecido prematuramente,

Enquanto outras sequer lançam nas

Terras do próprio espírito as sementes.

E, há outras ainda que lançam as sementes

E, saem pelo mundo iludidas

De que basta plantar para colher.


A escolha é tua meu caro,

Envelhecer amadurecendo

Ou apenas envelhecer.


De agora em diante sentir-me-á

Com mais intensidade,

Pois, contigo já passei da metade do caminho,

E tu, assim como tudo que caminha para fim

De si mesmo deve receber mais atenção

E mais notoriedade.


Bem-vindo ao início do caminho

Da velhice,

De teu declínio como ser humano,

Bem-vindo ao caminho que

Dependendo de tua vontade,

Pode te conduzir a sabedoria

E ao interior de ti mesmo.

 
 
 

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