Nascer, morrer e renascer de novo
- Davi Roballo
- 14 de abr. de 2016
- 1 min de leitura

Foi no inicio
Da década de 70,
Que vi a luz do dia,
Luz que não é capaz
De iluminar a escuridão
Dos homens.
Quando chegou a hora
A natureza indiferente
Expulsou-me do Éden
No qual flutuava suavemente
Ligado pelo umbigo
Ao amor de minha mãe.
Alguém disse:
É um menino, seja bem-vindo!
E lá estava eu aturdido, confuso
Por sentir novamente o horror
De ser gente, humano limitado,
Um novo Cristo sem ser crucificado,
Pois a vida dói, por isso choramos
Ao respirar mais outra vez
O ar imundo dos humanos.
Meu choro,
Minha primeira linguagem,
Meu primeiro pedido de socorro
Ante o terror em estar
Mais uma vez no mundo…
Pudera ter permanecido
Naquele lugar seguro,
Aquecido e acolhedor
No qual flutuava
No liquido amável
De minha mãe,
Mas, contra minha vontade
Fui expulso do ventre materno
Perdi meu paraíso, meu céu
Para poder conhecer o inferno
No qual me jogou
A natureza indiferente.
Desde que brotei no mundo
Sinto-me um alienígena,
Mas às vezes
Quando me vejo do espelho
Percebo a dor de ser gente…
Com o tempo aprendi
Que o pior do inferno
É a chegada, a entrada,
Por isso meu desejo é ser imortal,
Pois morrendo existe a possibilidade
Em repetir-se o trauma
De ter de nascer de novo…
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