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Nascer, morrer e renascer de novo


Foi no inicio

Da década de 70,

Que vi a luz do dia,

Luz que não é capaz

De iluminar a escuridão

Dos homens.

Quando chegou a hora

A natureza indiferente

Expulsou-me do Éden

No qual flutuava suavemente

Ligado pelo umbigo

Ao amor de minha mãe.

Alguém disse:

É um menino, seja bem-vindo!

E lá estava eu aturdido, confuso

Por sentir novamente o horror

De ser gente, humano limitado,

Um novo Cristo sem ser crucificado,

Pois a vida dói, por isso choramos

Ao respirar mais outra vez

O ar imundo dos humanos.

Meu choro,

Minha primeira linguagem,

Meu primeiro pedido de socorro

Ante o terror em estar

Mais uma vez no mundo…

Pudera ter permanecido

Naquele lugar seguro,

Aquecido e acolhedor

No qual flutuava

No liquido amável

De minha mãe,

Mas, contra minha vontade

Fui expulso do ventre materno

Perdi meu paraíso, meu céu

Para poder conhecer o inferno

No qual me jogou

A natureza indiferente.

Desde que brotei no mundo

Sinto-me um alienígena,

Mas às vezes

Quando me vejo do espelho

Percebo a dor de ser gente…

Com o tempo aprendi

Que o pior do inferno

É a chegada, a entrada,

Por isso meu desejo é ser imortal,

Pois morrendo existe a possibilidade

Em repetir-se o trauma

De ter de nascer de novo…

 
 
 

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