PALCO
- Davi Roballo
- 9 de abr. de 2021
- 1 min de leitura

No palco de apenas um ator
Em que também é plateia,
Arrotos e flatulências são permitidos,
Visto que, a vergonha não suporta a solidão,
Ela gosta mesmo é da multidão
Ou ao menos de mais um.
Neste mesmo palco, sem ensaios
O ator solitário dança, chora,
Pula de alegria, estremece...
Neste palco o cenário às vezes é iluminado,
Noutras vezes escuro,
Não importa se o ato é estreia
Ou repetição do mesmo cotidiano
Que arrasta todos a beber a mesma água
E a cutucar a carne com o mesmo espinho.
Neste palco,
O ator deseja que todos os dias da semana
Sejam como domingo,
Mas, nos domingos,
Suspira pelas segundas-feiras...
Neste palco com degraus,
O ator encena às vezes em cima,
Noutras debaixo do próprio palco,
Tal é a vida e seus altos e baixos.
Neste palco,
Nada mais assusta do que uma peça desconhecida,
Algo escrito ao mesmo tempo em que é interpretada,
Nada de conhecimento prévio, muito menos ensaio.
Neste palco, a vida se desenrola
E é escrita, dirigida e interpretada
Por apenas um,
Que caminha de lá para cá
E de cá para lá,
Em busca de uma saída
E um caminho que o conduza
Ao paraíso em que viveu
Sem encenar, sem improvisar no útero de sua mãe...
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