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PALCO



No palco de apenas um ator

Em que também é plateia,

Arrotos e flatulências são permitidos,

Visto que, a vergonha não suporta a solidão,

Ela gosta mesmo é da multidão

Ou ao menos de mais um.


Neste mesmo palco, sem ensaios

O ator solitário dança, chora,

Pula de alegria, estremece...


Neste palco o cenário às vezes é iluminado,

Noutras vezes escuro,

Não importa se o ato é estreia

Ou repetição do mesmo cotidiano

Que arrasta todos a beber a mesma água

E a cutucar a carne com o mesmo espinho.


Neste palco,

O ator deseja que todos os dias da semana

Sejam como domingo,

Mas, nos domingos,

Suspira pelas segundas-feiras...


Neste palco com degraus,

O ator encena às vezes em cima,

Noutras debaixo do próprio palco,

Tal é a vida e seus altos e baixos.


Neste palco,

Nada mais assusta do que uma peça desconhecida,

Algo escrito ao mesmo tempo em que é interpretada,

Nada de conhecimento prévio, muito menos ensaio.


Neste palco, a vida se desenrola

E é escrita, dirigida e interpretada

Por apenas um,

Que caminha de lá para cá

E de cá para lá,

Em busca de uma saída

E um caminho que o conduza

Ao paraíso em que viveu

Sem encenar, sem improvisar no útero de sua mãe...

 
 
 

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