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QUEM FUI? E SE FUI, QUANTOS FUI?


Espírito que flutua no éter,

Diga-me, por favor,

De onde venho?

Por onde andei?

Diga-me por favor

Porque voltei pelos mesmos

Caminhos de outrora

E por que aqui estou?

Diga-me espírito que singrava

E ainda singra

As águas de todos os oceanos

E a profundidade minha alma.

Revele a mim coisas

De um tempo que não retorna mais,

Um tempo que se fragmentou

Em poeira de estrelas,

Um tempo em que vivi sendo outro

Que não mais sou.

Diga-me espírito milenar:

A quem pertencem

Aqueles rostos que me acenam

Em sonhos, enquanto o corpo ressona?

Diga-me espírito,

Se era eu, como não mais sou

Aquele cavaleiro de olhar distante

Que de espada em riste

Tombou em um mar de sangue

E lá permaneceu entre cadáveres

Dos anos e séculos que se foram,

Diga-me, espírito

Se aquele cavaleiro fora eu

Antes de ser o que sou?

Diga-me espírito eterno

Se era eu como fui e não mais sou

Aquele marinheiro que nas águas salgadas

Se afogou em busca de um novo mundo

Que jamais alcançou?

Diga-me espírito que tudo sabe,

Se fui eu como não mais sou

Aquele camponês que devido a miséria

Moral e ética de seu senhor

Junto à sua família de fome morreu?

Diga-me espírito que sopra os ventos

E cobre a noite de estrelas,

Em quantos mundos andei?

Em quantos mundos

Saudades deixei?

Diga-me espírito das estrelas,

Que mundo é este em que estou?

Um mundo em que tudo evolui,

Menos a estupidez e a presunção.

Um mundo selvagem no qual se arrancam flores

E assassinam antes de nascer o amor.

Espírito, aqui não desejo ficar,

Quero retornar aos braços de minha mãe

E nos braços dela encontrar um caminho até seu útero

E lá, eternamente ficar,

Pois desejo o paraíso

Longe dessa selva em que vim encarnar...

 
 
 

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