QUEM FUI? E SE FUI, QUANTOS FUI?
- Davi Roballo
- 31 de jul. de 2021
- 2 min de leitura

Espírito que flutua no éter,
Diga-me, por favor,
De onde venho?
Por onde andei?
Diga-me por favor
Porque voltei pelos mesmos
Caminhos de outrora
E por que aqui estou?
Diga-me espírito que singrava
E ainda singra
As águas de todos os oceanos
E a profundidade minha alma.
Revele a mim coisas
De um tempo que não retorna mais,
Um tempo que se fragmentou
Em poeira de estrelas,
Um tempo em que vivi sendo outro
Que não mais sou.
Diga-me espírito milenar:
A quem pertencem
Aqueles rostos que me acenam
Em sonhos, enquanto o corpo ressona?
Diga-me espírito,
Se era eu, como não mais sou
Aquele cavaleiro de olhar distante
Que de espada em riste
Tombou em um mar de sangue
E lá permaneceu entre cadáveres
Dos anos e séculos que se foram,
Diga-me, espírito
Se aquele cavaleiro fora eu
Antes de ser o que sou?
Diga-me espírito eterno
Se era eu como fui e não mais sou
Aquele marinheiro que nas águas salgadas
Se afogou em busca de um novo mundo
Que jamais alcançou?
Diga-me espírito que tudo sabe,
Se fui eu como não mais sou
Aquele camponês que devido a miséria
Moral e ética de seu senhor
Junto à sua família de fome morreu?
Diga-me espírito que sopra os ventos
E cobre a noite de estrelas,
Em quantos mundos andei?
Em quantos mundos
Saudades deixei?
Diga-me espírito das estrelas,
Que mundo é este em que estou?
Um mundo em que tudo evolui,
Menos a estupidez e a presunção.
Um mundo selvagem no qual se arrancam flores
E assassinam antes de nascer o amor.
Espírito, aqui não desejo ficar,
Quero retornar aos braços de minha mãe
E nos braços dela encontrar um caminho até seu útero
E lá, eternamente ficar,
Pois desejo o paraíso
Longe dessa selva em que vim encarnar...
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