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SONHOS




Nos alimentamos de sonhos,

Porque somos entidades insaciáveis e inconstantes,

Nada nos conforta e nos sacia para sempre.


Como um barqueiro sem rumo e sem remo

Ao sabor das correntes de um rio,

Desejamos um porto seguro para aportar

E nele encontrar ao menos um pequeno espaço

Para sepultar nossos sonhos,

Pois nos parece mais fácil

E menos dispendioso viver sem eles.


Na verdade,

Há um cansaço e um desânimo sobre nossos olhos,

Pois sonhar não custa nada,

Mas tornar o sonho realidade

Pode nos deixar aos pedaços,

Mesmo assim insistimos,

Porque somos uma mistura de músculo e aço,

Por isso o mundo nos mastiga e nos engole aos poucos.


Além da relva dos ilusões

Há um vazio não preenchível,

Uma imensidão que engole tudo,

Até mesmo os sonhos

E sua glória quando conquistados,

Visto que, mesmo no topo

O olhar dominante é sempre pouco.


É preciso acordar no próprio sonho

E nele não andar nem para longe nem para perto,

Mas até onde as pernas suportam,

Ou seja, até a fronteira entre o possível e o impossível,

Na qual, a saciedade e a insaciedade se encontrem.

 
 
 

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