SONHOS
- Davi Roballo
- 17 de abr. de 2021
- 1 min de leitura

Nos alimentamos de sonhos,
Porque somos entidades insaciáveis e inconstantes,
Nada nos conforta e nos sacia para sempre.
Como um barqueiro sem rumo e sem remo
Ao sabor das correntes de um rio,
Desejamos um porto seguro para aportar
E nele encontrar ao menos um pequeno espaço
Para sepultar nossos sonhos,
Pois nos parece mais fácil
E menos dispendioso viver sem eles.
Na verdade,
Há um cansaço e um desânimo sobre nossos olhos,
Pois sonhar não custa nada,
Mas tornar o sonho realidade
Pode nos deixar aos pedaços,
Mesmo assim insistimos,
Porque somos uma mistura de músculo e aço,
Por isso o mundo nos mastiga e nos engole aos poucos.
Além da relva dos ilusões
Há um vazio não preenchível,
Uma imensidão que engole tudo,
Até mesmo os sonhos
E sua glória quando conquistados,
Visto que, mesmo no topo
O olhar dominante é sempre pouco.
É preciso acordar no próprio sonho
E nele não andar nem para longe nem para perto,
Mas até onde as pernas suportam,
Ou seja, até a fronteira entre o possível e o impossível,
Na qual, a saciedade e a insaciedade se encontrem.
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