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Tempos modernos


Eu e minha geração,

Talvez a última

Que brincou na terra

E foi beijada pelo Sol

Nas manhãs de ameno outono

E nos dias de primavera

Sentia nadar dentro dos olhos

Borboletas e abelhas

Conversando com flores,

Hoje lamenta

Só haverem paisagens

Desenhadas na lembrança,

As reais são dia a dia destruídas

Pela voracidade do homem

Por cimento e areia

Que faz brotar do chão os prédios

Produzindo sombra

Onde o Sol um dia

Carinhosamente amaciava

E beijava a grama.

Pelas ruas só ficou

A voz feliz da molecada

Como um assombro

E a paisagem nua de calor humano,

Pois os pequenos de hoje

São sós e puro silêncio,

Uma voz muda até no aceno,

Um olhar sem espanto

Pelas coisas,

Pelo Mundo,

Olhos vidrados numa tela

Intoxicando-se

Com o próprio veneno…

 
 
 

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