Tons
- Davi Roballo
- 29 de mar. de 2014
- 1 min de leitura
Atualizado: 17 de ago. de 2021

O tinteiro transborda. Que ondas!
Que caudaloso este rio de tinta;
Que imensidão de coisas que fui, sou e não aceito ser.
Que cores! Que tons!
Um mar de tintas surgindo das mãos.
O tinteiro entorna
Com o que vem do mais profundo
E longínquo de mim exilado na escuridão
Longe da luz do dia,
Partes de mim que ludibriaram
A grande muralha fugindo por suas frinchas
E emergem como metáforas e símbolos
Sugados pela pena encharcada
Que desenha no papel
Meu EU desalinhado nas linhas de livros
E na pintura do pincel.
Que imensidão de cores! Que tons!
Tenho logo de dar-lhe vazão
Não posso afogar-me
Neste rio de mim mesmo;
Mãos à pena, ao pincel,
Que as trevas sejam luz
E o inferno pedaços do céu.
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