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A CATEDRAL DE ESPELHOS

Atualizado: 24 de mar. de 2021



Certa vez um sacerdote mandou construir uma catedral de espelhos. Os espelhos foram colocados de forma que uma única imagem era refletida em todos os demais espelhos. A acústica foi planejada para multiplicar aos milhares uma única voz.


O intuito do sacerdote foi mostrar fisicamente aos fiéis a importância de amar ao próximo como a si mesmo, como também que todos os seres humanos são iguais diante do divino.


Certo dia, um filhote de cachorro aproveitando-se de um portão aberto saiu à rua, em seu périplo acabou entrando na catedral de espelhos. Logo que entrou, sua imagem se multiplicou aos milhares. Curioso com as imagens, latia e o eco devolvia seu latido, achando divertido abanava seu rapinho e corria pela igreja como se milhares de filhotes estivessem brincando com ele.


O tempo passou, o filhote cresceu e em outra fuga encontrou uma matilha de cães de rua que o atacaram ferozmente. Desesperado e com vários ferimentos ele se põe em fuga, sem se dar de conta, entrou na mesma Catedral de anos atrás e em seu interior viu novamente sua imagem repetida, como reação latia e o eco devolvia o latido multiplicado.


A cada instante seu pavor aumentava ao se imaginar atacado por milhares de outros cães. Como defesa avançava nos espelhos quebrando-os e consequentemente feria-se com as lâminas de vidro. Em pouco tempo se esvaiu em sangue e morreu com os olhos de pavor fixados no restante dos espelhos.


O cão dessa parábola é o próprio ser humano como indivíduo, os espelhos representam as demais pessoas com quem o indivíduo deve conviver, e, a autodefesa do cão é simplesmente o ego, o grande manipulador de ilusões, que jamais aceita ficar em desvantagens.


Na vida cotidiana somos os responsáveis por todos nossos atos, bons ou ruins, no entanto, assumimos com certo entusiasmo nossos acertos, por outro lado, atribuímos a responsabilidade de nossos erros a outros.


Muitos terapeutas sabem que o ego é uma instância a ser moderada, isto é, nem lá, nem cá, ou seja, um ego estimulado em excesso leva o indivíduo a arrogância, bem como, quando reprimido em demasia leva o mesmo indivíduo a ficar sem autoestima.


O ego em demasia é veneno que mata aos poucos o próprio indivíduo, pois, uma vez contrariado por uma não aceitação do outro a respeito daquilo que ele julga ser, seus aspectos psicológico, psíquico e fisiológico entram em crise. Adrenalina e outros hormônios são inseridos na corrente sanguínea, o que com o tempo devido ao excesso acabam intoxicando o corpo, causando inúmeros males.


É devido ao ego que em situações críticas nos comportamos como o cão adulto da fabula e não como o filhote que interagiu com a própria imagem e latido, preservando sua inocência, bem como, sua integridade física.

 
 
 

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