A LETRA LIVRE

Não tenho paciência para permanecer

Em frente a um computador

Aguardando inspiração

Ou que as palavras encontrem a rima

E a métrica ideal.

Não escrevo por prazer,

Mas por necessidade,

Por expurgo de tudo aquilo que me afoga

Em meu mais profundo oceano.

Não canalizar pelas mãos e pelos dedos

Borrando o papel com minhas impressões

E o que sinto, me sufoca e me tortura,

Feito briga de dois ursos com garras afiadas

Lutando no interior de meu ser.

Que vá as favas

A estética linear e sonora

Que buscam tanto

Os entupidores de estantes

Que sem perceberem

Ao tentarem plastificar o externo

Expõem apenas o vazio interno

Que trazem na alma

E a necessidade gritante

Em serem notados nas frestas do mundo.