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CAMINHOS NOSTÁLGICOS



O único caminho que um ser humano pode gabar-se de conhecer é o caminho da volta.

Sempre que por ele retorno os rios e a fontes me perguntam:

És tu aquele imaturo apressado que por aqui passou

Na verdura dos passos e fresca juventude?

És tu aquele que a sede saciou em nossas correntes e remansos?

Apenas sigo em frente levando na retina dos olhos

A sombra silenciosa de árvores que plantei à beira deste mesmo caminho.

Gigantes e frondosas se tornaram aquelas frágeis mudas, e eu prossigo diminuto como outrora, quando as plantei.

Neste mesmo caminho encontrei tanta coisa e agora no retorno noto que muitas perdi,

Entre elas a inocência.

Aqui e ali tropeço em velhos sonhos enferrujados e algumas lembranças refletidas em espelhos embaçados.

Chaminés que antes lenhas ardiam,

Agora exibem galhos de frondosas árvores que tomaram de volta seus acentos na natureza indiferente a memória dos humanos.

Pássaros pousam e levantam voos na segurança típica de um vagalume ante a luz do dia.

Percebo que se aproxima o verão, as abelhas anunciam o fim da primavera ao pousarem na última rosa.

Contemplando o fim desse ciclo,

Logo lembro, que quando por aqui passei pela primeira vez estava convencido de pertencer totalmente a mim mesmo,

Mas hoje, Terra, percebo que tudo aquilo que sou, é teu.

Somente os meus brancos cabelos me convenceram disso.

Avanço em direção ao horizonte e ouço o vento abrindo e fechando portas de uma casa abandonada,

Que rangem saudades dos que por elas passaram,

Casa com cheiro de alma, risadas infantis e latidos amigáveis de cachorros.

Assim como os rios e as fontes me perguntam, também pergunto a velha casa:

Quem são aqueles que te habitaram?

Por onde andam aqueles que por tuas portas cruzaram?

Quantos segredos tuas paredes guardam?

Meu coração pende com o peso nostálgico,

Então retorno aos caminhos desconhecidos...

 
 
 

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