CHORAR A VIDA

Chora o homem no vazio de seu silêncio, assim como choram as pedras, os rios e as árvores, que precisam custe o que custar cumprirem suas sinas.

Chora o homem por ser inconcebível carregar a cruz do outro, visto que, o corpo é o peso de única alma.

Chora o homem desolado, porque não existe respostas fáceis para perguntas difíceis, por isso viver é uma questão complexa...

Chora o homem porque ele adoeceu de tão curioso a respeito dos segredos e mistérios que movem a vida e o mundo, atributos para os quais, ele ainda não possui estrutura psicológica para entendê-los.

Chora o homem totalmente resignado ao perceber que os problemas e as amarguras não passam de fermento para o pão a ser consumido em reencontros. do ser com ele mesmo.

Chora o homem anonimamente, porque em seu ser ele não sabe onde começam suas urgências e muito menos onde terminam suas ausências.

Chora o homem no vazio de seu silêncio, porque ele se sente no meio das duas, puxado pelos braços, como se a intenção delas fosse desmembrá-lo.

Sim, o homem possui muitas urgências, pois ali, logo a frente, um relógio olha para ele com um olhar maroto de quem sabe que ele não é para sempre.

Sim, o homem também tem ausências, ausências de si mesmo em seu próprio templo, visto que, não são poucas as vezes em que ele abandona a si mesmo em sua própria caminhada à espera de que uma formula mágica o leve incólume pelo meu próprio caminho.