DOMINANTESE DOMINADOS

O tempo passa, mas o homem prossegue sedento e cego, dominando e sendo dominado,

Flutuando universo afora sobre um grão de areia que jura ser o centro de tudo,

Se diz a criatura dominante e mais inteligente,

Enquanto nas ruas ainda se ouve o tilintar de chaves

Das algemas de mentes dependuradas no pescoço de políticos e sacerdotes.

Nas ruas soldados arcados com o peso da relativa liberdade de seus compatriotas,

Às vezes cantam, às vezes choram e sempre morrem por isso.

Porque a história ainda se escreve com sangue que jorra de guerras e lágrimas de viúvas e mães que confiaram seus entes à pátria.

Enquanto o homem caça o proprio homem,

Acima da atmosfera impera a escuridão do cosmos e sob ela a ilusão de um céu azul.

Nada é como parece ser, nada o homem em um aquário raso que julga ser um oceano bravio.

Habita gaiolas, pelas quais ainda paga imposto para se privar da liberdade.

Se julga livre, mas não passa de um condenado que percorre uma estrada perigosa e com pedágio entre o berço e o túmulo,

No qual, ele no alto de sua presunção fantasia haver uma porta de acesso as escadas do céu

Sem perceber que constrói dia a dia a masmorra do próprio inferno.

Até para o último adeus há um preço, mesmo assim, o homem se diz livre dominando e sendo dominado.