FINADOS
- Davi Roballo
- 10 de out. de 2021
- 1 min de leitura

O que diriam os mortos
No dia de finados
A quem visita os restos
De seus corpos reduzidos
Ao cálcio dos ossos?
Se pudessem alguns gritariam
Em coro:
Porque somente na data de hoje
Lembram de nós?
Outros ainda mais incisivos
Diriam:
Aqui não estamos,
Aqui não habitamos, se verdadeiramente
Nos amam, procurem-nos
Em vossos corações e aproveitem
Para verificar o espaço a nós dedicado.
E muitos outros gritariam exaltados:
O que as flores tem a ver
Com vossos remorsos?
Finado se torna o dia de finados,
Flores naturais murcham
E as artificiais parecem vivas,
Mas um dia qualquer desbotam
E também “morrem”,
Com a sorte de não terem murchado.
Mas e os ossos?
Permanecem a espera do esquecimento
Para ingressar no ossuário
E depois desaparecerem.
Nem mesmo as lápides
E as fotos
Permanecerão imponentes,
Visto que, ante a luta contra o tempo,
Até mesmo os retratos
Se cansam e desbotam.
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