GAVETAS
- Davi Roballo
- 14 de jun. de 2022
- 1 min de leitura

Na cômoda de minhas memórias uma imensidão de gavetas me acompanha como um cão leal.
Nas primeiras gavetas, as gavetas de meus dias vão se acumulando páginas rascunhadas e fotos de meu eu acompanhado de mim mesmo.
Às vezes quando abro as gavetas emperradas ouço ao longe gritos de dores vividas, que pela distância que o tempo impõe aos poucos se tornam assobios do vento.
Em outras de cores mais vivas coleciono perdões imperdoáveis, pessoas insubstituíveis e inesquecíveis, como também guardo o calor de abraços que recebi, que dei, bem como, outros não dados.
Também há gavetas que exigem cuidados extremos, nalgumas estão bem escondidos os manuais de mediocridade que trazem instruções infalíveis para conquistar afeição ao adentrar em um dos chiqueiros hipócritas da sociedade.
Guardo noutras gavetas, todo dizimo que deveria ter ado aos padres, pastores e outros líderes religiosos, visto que minha fé nunca pediu nada.
Mais embaixo ficam as gavetas da saudade, todas inundadas por ausências daqueles que retornaram ao útero primordial para serem abraçados pela placenta da Terra.
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