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HUMANO, APENAS HUMANO



Entre a transfusão atávica de meus ancestrais encontram-se amontoados aqueles sonhos em que me vejo mergulhado em uma névoa levantando-me entre a lama e o sangue de homens e animais que encontraram o fio da lâmina estupida e sedenta por poder.


Rios de sangue e gritos de horror me perseguem ainda que mudos. Tantas eras, tantas guerras andei como ser humano, caminhos sulcados pelos passos de meus ancestrais.


Houveram tempos de glória, estupidez e conquistas, épocas em que o espírito animal transcendeu a civilidade tenra do homem de forma ainda mais feroz do que hoje.


Eu estive lá, não como o produto biológico do que hoje me constitui, mas o mesmo gene e o mesmo DNA que me tornou aquilo que sou, ou seja, meu próprio bisneto e meu próprio bisavô em todos os estados, sejam eles biológicos, espirituais ou emocionais.


Estou lá no passado recente, assim como no passado remoto, pois meus ancestrais estão agora aqui comigo e podem ser vistos em um simples bocejar de meu corpo.


Ali, logo ali no futuro também estarei, mesmo não estando, e todas as sombras humanas estarão comigo, encerrando esse lapso de triunfo humano sobre a Terra, a criatura que mal surgiu e já está esvaecendo...

 
 
 

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