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INCLEMENCIA

  • 4 de dez. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 5 de dez. de 2020



Algo me consome diariamente como a água desmorona as margens de um rio.


Em livros de minha estante repousa o pó do tempo, enquanto por minha pele viceja um sopro daquilo que é temporário e já se faz consumido pelas horas e dias que se amontoam nas janelas de meus olhos.


Desperto em meio a fuligem daquilo que se tornou obsoleto, pois desde a noite anterior já sou outro.


Toda manhã tenho a companhia de um estranho que desconfio ser eu mesmo.


O tempo corre por mim e eu tento correr do tempo.


Aqui nesse quarto, logo ali a dois passos há um bandido impiedoso feito de lâmina de vidro escovado.


Um espelho algoz que parece sorrir com o desprezo dos maus ao revelar meu rosto em declínio rendendo-se a gravidade.


Em minha imagem, no fundo de meus olhos percebo um menino com o sorriso típico dos inocentes e puros


A criança é o que transcende a obstinação em viver, apesar dos pesares.


A criança é o que há de eterno em mim, e, é ela quem vai estender suas mãos quando eu ultrapassar a última porta do tempo, que nesta vida foi destinado a mim...


___ Davi Roballo

 
 
 

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