O julgamento
- Davi Roballo
- 14 de out. de 2011
- 1 min de leitura

Meu EU quer a ausência de si, quer o vazio
Quer o nada, quer doce, não quer pensar
Reclama a suplicar, a berrar que dói pensar
Diz que melhor é ser carregado, conduzido
Quer os braços macios da ilusão, quer calor
Meu EU não quer lucidez, quer ser entorpecido
Quer divagar, quer sonhar acordado, quer ser enganado
Quer o calor do rebanho, quer o anonimato da turba
Quer engordar e apontar o dedo gordo a quem pensa
Quer conduzi-lo aos berros até o julgamento
O crime: atrever-se a se realizar no que ele acovardou-se
O veredicto: frio, solidão e o banimento do rebanho
Que seja ignorado e considerado anti-social
Que sejam fechadas todas as portas em seu rosto
Que seja considerado louco, atrevido e anormal
Que sejam jogados tomates podres em seu corpo
Aos brados de ateu, corruptor da juventude, niilista
E se teimar em apresentar o maldito e perigoso argumento
Se insistir em apresentar defesa
Enterrem-no vivo.
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