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O livro e o leitor




Pesquisa encomendada pela Fecomercio em 2015 indica que a cada 10 brasileiros, apenas três tem contato com livros ao menos uma vez a cada ano, e desses três, apenas uma lê ao menos mais de três livros ao ano. Esses dados apontam ainda, que somos um país de analfabetos funcionais, ou seja, a grande maioria dos brasileiros sabe ler e escrever, no entanto, não sabe interpretar um texto simples. Esses dados são ainda piores se tratando de leituras mais profundas e rebuscadas. Resumindo, somos leitores de superfície.


Em um país, no qual a leitura de livros não é regra, parcela da culpa por esses baixos índices de interesse pela literatura é de quem gosta de ler e periodicamente compra livros. Levados pela cultura do apego, quando o livro é bom, tratamos de venerá-lo a ponto de termos ciúmes do mesmo. Falamos dele, no entanto resistimos a ideia de emprestá-lo e mais ainda, em doá-lo.


Existem inúmeras pessoas que dispõem de exemplares extraordinários da literatura universal, livros que lhes outorgaram determinado conhecimento, libertação e deleite, no entanto, após a leitura ficam expostos como troféus em uma estante, como forma de confirmação de que seu proprietário realmente o leu. Talvez essa necessidade de autoafirmação seja a grande responsável pelo represamento do conhecimento, pois livro que junta poeira em uma estante ou armário é um soldado que luta a favor da ignorância.


Após a leitura de um bom livro é fato: dificilmente iremos lê-lo novamente. Então por que guardá-lo como um troféu? Seria porque possuímos certo prazer em nos colocar como mais inteligentes e cultos entre os que nos rodeiam? Será que dado a isso desejamos permanecer entre os amigos e familiares como se fôssemos a cereja de um bolo?


O bom leitor é aquele que permite que a criança que há em sua essência se manifeste no desejo, desapego e alegria em compartilhar o que lhe provocou certo deleite, como também libertação. E isso ocorre quando sentimos aquela necessidade de que o outro também tenha oportunidade de desfrutar do prazer que certo livro nos proporcionou.


Se você tem o hábito de escrever, realizar palestras, preleções anote os trechos da obra que lhe aguça a pupila, faz disparar o coração e provoca suspiros. Tudo anotado em arquivo seja papel ou digital, no qual contenha o titulo do livro, autor, página e etc. depois faça o livro visitar outras casas e inquietar outras mentes, como também alegrar e dar prazer a outras pessoas.


Se você é capaz de se extasiar e se espantar com um bom livro, se você for invadido por essas emoções, empreste, doe sem se preocupar se o outro vai devolvê-lo. No entanto, recomende sempre, o quanto é importante um livro visitar o máximo de casas sem estabelecer moradia em uma estante.


Nem tudo é maravilha no mundo do livro, pois há também no universo da literatura péssimos escritores, péssimas estórias e péssima escrita, no entanto, cometemos o grave erro de doar esses péssimos livros e ficar com os bons. Para diminuirmos a ignorância temos de doar e/ou emprestar livros capazes de inquietar, pois os bons livros são bons incentivos intelectuais, ou seja, são como rojões acordam de profundos sonos.


Quando comprar um livro leia-o, pois de nada adianta tê-lo como troféu em uma estante, pois ao conversar com alguém que o leu, ficara em apuros, pois o mesmo irá rapidamente perceber o tipo de leitor (a) que você é.


Lembre-se também que o livro é uma extensão de ideias do escritor e mesmo, após ele se dispor a publicá-las, as ideias continuam sendo dele. Portanto, se for usar trechos do pensamento de algum escritor, cite a fonte, pois entre as coisas mais belas está o fato de termos hombridade em reconhecer e dar o crédito aquilo que não nos pertence.

 
 
 

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