O modismo em ser ateu
- Davi Roballo
- 13 de fev. de 2013
- 2 min de leitura
O modismo em ser ateu
Não bastassem os estereótipos, celeumas e estigmas o ateísmo agora enfrenta a falta de informação de “neófitos” que sequer sabem o que significa o ateísmo e muito menos a sua morfologia semântica. Levados pela influencia de ídolos que se declaram ateus como Angelina Jolie, inúmeros jovens estão declarando-se ateus sem saberem ao certo as conseqüências decorrentes disso e a extensão de seu significado.
Ateísmo etimologicamente significa “ausência de deus”, uma vez que o prefixo”a” significa ausência e o radical “teu” do grego “théos” é deus. Muitos são os caminhos trilhados por ateu, e o que me atenho nesse texto é o ateu oriundo do cristianismo, é aquele sujeito que após ter lido e relido a bíblia e ter tirado dela conclusões racionais abandona a crença. Portanto, quem rotula um ateu como um ignorante em relação a bíblia, está julgando algo da qual desconhece a dimensão. Além do mais, o ateu é um sujeito inquieto e perquiridor, tendo a duvida como sua principal bandeira e, é um profundo conhecedor das mitologias que sedimentaram as crenças e religiões ao longo da história humana.
Ninguém se transforma em ateu da noite para o dia. Geralmente partem para o caminho sem volta do ateísmo pessoas que foram evangelizadas na infância e parte da adolescência. Por possuírem um espírito inquiridor adentraram mais profundamente no que acreditavam, penetrando nos porões escuros da própria crença. Decepções, impotência e revolta fazem parte dessa etapa de desconversão ao confrontarem a realidade com a ilusão desenhada.
O principiante a ateu, ou o iniciado, sente-se retalhado, amputado quando precisa dizer adeus as crenças e ao conformismo religioso há muito arraigado em seu inconsciente. Sofre mais ainda, quando comete seu primeiro parricídio psicoteológico e num primeiro passo ainda inseguro em trilhar os caminhos solitários do ateísmo, e como forma de adquirir fôlego e curar-se das feridas, muitas vezes troca o deus antropomorfo por uma forma de panteísmo ou agnosticismo.
Muito se tem falado sobre conversão de ateus, mas isso tudo não passa de falácia. Um ateu que trilha o caminho do conhecimento jamais embarca em canoa retrograda, segue sempre avante, mesmo que isso lhe cause solidão e tenha de enfrentar o gélido vento da incompreensão. Ser ateu não é algo a se liberar pela boca numa verborragia a qual não domina e sim uma deliberação a favor da vida. Ser ateu é um estilo de vida instigante, é ter sede por vida e compreensão da mesma. É reconhecer sua limitação e finitude animal, é fazer de tudo para ter os pés firmes no chão, é não querer conquistar a felicidade do céu, mas a da Terra.
O modismo em ser ateu
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