O RABUGENTO
- Davi Roballo
- 29 de mai. de 2022
- 1 min de leitura

Prostado sobre a própria repugnância,
O Rabugento encontrava-se sempre triste, tal qual, girassol em dia nublado,
Mesmo acabrunhado era tão rude quanto a pata de um cavalo que esmaga flores silvestres.
Desde sempre se fez tão egocêntrico, visto que, trazia desde a infância a certeza de que o mundo cabia no seu antigo berço.
Antes mesmo da véspera de uma crítica ele jogava pedras em quem acreditava ser seu adversário.
Amava apenas as nuvens por serem instáveis, tais quais, ele era.
Sempre viveu inundado de preguiça e despeito à felicidade alheia.
Em seus olhos, nítidos se faziam saudades e muitos remorsos, que como âncora pendiam seu corpo ao desterro de seu próprio mau humor.
Sempre buscou o amor, mas jamais se propôs a remover a cerca de espinhos em torno do próprio coração.
Viveu circunspecto, mas nem mesmo o pensar e a sua razão foram capazes de fazê-lo expressar o que compreendia sobre o mundo e a vida, tal é o tamanho dos mistérios.
Jamais se permitiu sonhar, fantasiar, pois vivia inundado pela razão, na qual aos poucos se afogou e despareceu.
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