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OS DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR: UMA REFLEXÃO SOBRE A FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO ACADÊMICA

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Resumo

O presente artigo propõe uma reflexão sobre o papel do Ensino Superior diante das novas demandas sociais, culturais e tecnológicas da contemporaneidade. Fundamentado em autores como Lima, Castanho, Orrú e Nietzsche, o texto examina a necessidade de reformulação do projeto pedagógico das universidades, com ênfase em uma formação humanista, ética e cidadã. O estudo aborda a urgência de uma postura docente inovadora e comprometida com o desenvolvimento integral do educando, visando a construção de uma sociedade mais igualitária e consciente.

Palavras-chave: Ensino Superior; Projeto Pedagógico; Função Social; Docência; Inovação Pedagógica.

 

Introdução

Neste trabalho, dialogamos com autores de forma sucinta sobre a importância do Ensino Superior diante das novas demandas apresentadas na atualidade. Entre essas demandas está a política inclusiva, que pressiona para que a universidade acompanhe as transformações pelas quais passam o país e o mundo, com o intuito de formar agentes de uma sociedade mais igualitária e com diferenças sociais reduzidas.

Como veremos, o Projeto Pedagógico no Ensino Superior é de suma importância, pois constitui-se como referencial para atingir as metas de qualidade almejadas. Para isso, deve ser tratado como instrumento de gestão e de mudança, sobretudo no que se refere à necessidade de uma postura ética tanto de professores quanto de alunos, ressaltando o compromisso social com a comunidade em que estão inseridos.

O desafio do Ensino Superior

Na atualidade, os processos a que somos submetidos exigem constante aperfeiçoamento. Caso contrário, corremos o risco de acordar em desvantagem frente àqueles que buscam atualizar-se. As exigências oriundas das avaliações do sistema do Ministério da Educação e Cultura, bem como da sociedade imersa em tecnologias e novos processos culturais, apontam para uma nova postura na formação acadêmica. A docência no Ensino Superior carrega a responsabilidade de adaptar-se a essa nova realidade.

Para Lima (2009, p. 25), a universidade contemporânea passou a ter mais uma responsabilidade na formação: não apenas a do profissional, mas a do homem, do cidadão, ou seja, sua função social.

"A graduação deixa de se limitar à perspectiva de uma profissionalização especializada, para oferecer aos alunos um conhecimento mais abrangente e humanista, que contemple o domínio das conquistas tecnológicas, mas também as questões da ética, da inclusão e da justiça social." (LIMA, 2009, p. 25)

Segundo Castanho (2000, citado por ORRÚ, p. 1), a universidade, desde seu surgimento, assumiu diferentes modelos: o napoleônico, baseado no ensino profissional; o idealista alemão, centrado na pesquisa; o elitista inglês, voltado para formação de elites; e o utilitarista norte-americano, com foco na preparação para a ação.

Os tempos atuais exigem uma cultura ampla e criativa:

"A educação, em todos os níveis, precisa de uma nova postura. O ensino tradicional paulatinamente vem dando lugar a práticas alternativas que devem levar ao desenvolvimento global dos educandos e acender o entusiasmo por uma sociedade diferente, reestruturada." (CASTANHO, 2000, p. 76)

Fica claro que a universidade deve adequar-se continuamente aos processos de desenvolvimento econômico e social. De um espaço destinado à formação de uma elite aristocrática e meritocrática, ela busca hoje acompanhar o dinamismo da sociedade contemporânea.

Contudo, o avanço tecnológico e o surgimento de novas mídias e ferramentas não têm sido acompanhados por sistemas educacionais que preparem os educandos de forma adequada para o mercado de trabalho, nem para uma formação cívico-social. Isso gera exclusão social e despreparo frente aos desafios modernos.

O sistema universitário vem sofrendo mudanças constantes. Esse processo exige dos docentes formação contínua e atualização constante. Deve-se abandonar formas engessadas de ensino e transformar a sala de aula em um espaço de interação, onde professores e alunos sejam protagonistas na construção do saber:

"O trabalho de professores e alunos é um espaço prático de produção, de transformação e de mobilização de saberes [...]. Urge pensar uma nova forma de ensinar, aprender e pesquisar [...]" (LIMA, 2009, p. 25)

A universidade deve transcender as barreiras que mantêm a massa na inção intelectual. Para tanto, deve articular-se com a sociedade e comprometer-se com a disseminação do conhecimento e com a formação para a vida:

"[...] sugerindo que posições de neutralidade não impeçam de cumprir a sua missão: a de construir e disseminar conhecimentos e de educar para a vida, unindo a sabedoria e a audácia da ação sobre a reflexão." (ORRÚ, p. 2)

Nietzsche (1974, p. 89) afirma que o exercício crítico não é ensinado nas universidades: "sempre a crítica de palavras com palavras". O papel do professor universitário é formar cidadãos autônomos moral e intelectualmente, permitindo que os alunos se posicionem, questionem e participem ativamente do processo de aprendizagem.

O professor é mediador indispensável no processo ensino-aprendizagem. Sua prática deve refletir o compromisso com o desenvolvimento do espírito crítico:

"A prática do educador observada por seu aluno é o espelho para sua formação." (ORRÚ, p. 3)

Cabe ao docente ser um inovador, capaz de transformar conteúdos obsoletos em temáticas relevantes e atualizadas. Para isso, são necessárias criatividade, motivação e coragem:

"É preciso que não ensinemos apenas as pegadas de caminhos conhecidos, mas que tenhamos a coragem de saltar sobre o desconhecido, de buscar a construção de novos caminhos, criando novas pegadas." (CASTANHO, 2000, p. 77)

Como destaca Nietzsche (1983, p. 45):

"Certamente, existem muitos outros meios de um indivíduo encontrar-se a si mesmo [...], mas não conheço outro melhor que o de se lembrar de seus mestres e educadores."

Para Castanho (2000), não se pode desenvolver um bom trabalho em sala de aula sem um ideal de sociedade ou uma utopia a ser alcançada. A educação, portanto, deve ser orientada por um projeto de transformação e emancipação.

 

Referências

ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. São Paulo: Loyola, 2006.

CASTANHO, Maria Eugênia. A criatividade na sala de aula universitária. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro; CASTANHO, Maria Eugênia (org.). Pedagogia universitária: a aula em foco. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 57-70.

LIMA, Terezinha Bazé de. Metodologia do Ensino Superior: teoria e prática do fazer docente. Projeto pedagógico de curso e suas articulações com a sala de aula universitária. Nota de Aula 03. Dourados: UNIGRAN, 2009.

NIETZSCHE, Friedrich. Obras incompletas. Tradução: Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Coleção Os Pensadores).

______. Schopenhauer como educador. In: ______. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

ORRÚ, Silvia Éster. O compromisso institucional da universidade com a formação de professores. Disponível em: http://www.campus-oei.org/revista/deloslectores/872Orru.PDF. Acesso em: 18 set. 2009.

RIOS, Terezinha Azeredo. Significado e pressupostos do projeto pedagógico. Série Idéias, São Paulo: FDE, n. 15, 1992. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_15_p073-077_c.pdf. Acesso em: 18 set. 2009.

 
 
 

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