A VAIDADE DE UMA ÉPOCA PODRE
- Davi Roballo
- 24 de abr. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 13 de jul.

Quem muito se pavoneia
Nesta vitrine de vaidades,
Não sustenta sequer
O peso da própria farsa —
Marionete dourada
Que dança ao som
De aplausos comprados.
E não aceita, o desgraçado,
A beleza nua e crua
De ser simplesmente
O que é:
Carne, osso, merda e sonho,
Sem dourados nem vernizes,
Sem poses para Instagram
Da alma vendida.
Ah, como me diverte
Esta comédia humana!
Vejo-os se contorcendo
Em seus ternos de mentira,
Sufocando a verdade
Com gravatas de seda
E sorrisos de plástico.
Preferem a máscara
Ao rosto,
O eco
À voz,
A sombra projetada
Ao corpo que a produz.
Patéticos bufões
De um circo sem graça,
Que não compreendem
Que a única elegância
É ser deselegantemente
Autêntico.
Que a única riqueza
É aceitar-se pobre
De pretensões
E rico de substância.
Mas não...
Eles continuam
Nesta dança macabra,
Ostentando cascas vazias
Enquanto o âmago
Apodrece em silêncio.
E eu, rebelde elegante,
Bebo meu uísque
E rio desta farsa,
Sabendo que a única revolução
É ser impiedosamente
Real.
Leônidas Fausto \ Poeta Rebelde e Heterônimo de Davi Roballo
Comentários